Produtos registram queda nos preços durante pandemia de coronavírus

Mercado internacional e desemprego estão entre os fatores apontados para queda

Por Da Redação
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Produtos registram queda nos preços durante pandemia de coronavírus

Foto: Reprodução/Agência Brasil

Nem todos os produtos estão registrando um aumentando nos preços em meio à epidemia de coronavírus no Brasil. Diferentemente da cesta básica, alguns produtos têm passado por uma queda nos preços desde meados de março, quando a maioria dos estados começou a adotar regime de quarentena. 

Impulsionado pela epidemia, os motivos são os mais variados: o fechamento de restaurantes impacta no valor das carnes nobres; o mercado internacional, no preço da gasolina; a queda na demanda, nos laticínios; e a preocupação com o desemprego, nos bens duráveis. Confira os produtos que caíram de preço no último mês.

Gasolina

A queda é reflexo do mercado internacional, que, em meio à queda na demanda no mundo inteiro e a guerra comercial entre Arábia Saudita e Rússia no primeiro trimestre, viu o preço do barril despencar.

Na bomba, no entanto, a queda foi bem menor. Segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo), neste mesmo período, o preço médio de revenda no Brasil caiu pouco mais de 10%.

Frutas, legumes e verduras

O segmento foi apontado como "os grandes campeões de deflação" no mês de março, com as cinco maiores quedas de preço em relação ao mês anterior, de acordo com a Apas (Associação Paulista dos Supermercados).

Gustavo Melo, presidente da Abracen (Associação Brasileira das Centrais de Abastecimento), explica que a queda no segmento não é reflexo do aumento do preço dos produtos no começo da epidemia.

"Alguns produtores puxaram os preços de algumas frutas e verduras para cima. Agora, os valores estão abaixo do que estava sendo praticado no começo, mas, em termos de valor histórico, continua o mesmo", explicou o presidente da Abracen por meio de porta-voz.

Carnes

Peças de carne bovina, suína e frango tiveram queda desde o início da epidemia. Uma das causas foi o fechamento de churrascarias e restaurantes. Outro ponto é a redução de consumo por queda no poder aquisitivo ou por preocupação de isso acontecer.

Para Fernando Henrique Iglesias, consultor especialista em proteína animal da consultoria Safras & Mercado, apesar de a carne bovina ter um histórico de queda desde o início do ano, após o pico atingido pela exportação para a China, a queda é reflexo direto da quarentena e da instabilidade econômica.

"Churrascarias e restaurante representam uma parcela significativa desse mercado, e não estão funcionando de maneira plena. Isso mexe com a demanda, em especial por cortes nobres. Além disso, querendo ou não, há encolhimento de renda, a incerteza do consumidor é maior. Neste cenário, ele opta ou por não comprar proteína animal ou por uma opção mais barata", afirma Iglesias.

Bens Duráveis 

Sem poder sair de casa, o brasileiro coloca bens duráveis, como máquina de lavar, geladeira, fogão e carro novo, em segundo plano, o que fez os preços caírem 0,77% em março em relação ao mesmo mês do ano passado. 

De acordo com André Braz, coordenador do IPC (Índice de Preços do Consumidor) da FGV/Ibre, os produtos já vinham em queda desde janeiro, dado o "desemprego elevado", mas caíram mais ainda em diante da incerteza econômica provocada pelo coronavírus.

"Mesmo com a desvalorização cambial, repassar aumento para essas coisas está muito difícil porque há uma grande incerteza no ar. Quem está empregado tem medo de perder o emprego amanhã, então não está se endividando em longo prazo, e quem já perdeu o emprego não tem capacidade para se endividar", avalia o economista.

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