Próximo El Niño pode causar perdas econômicas 100 vezes maiores do que o esperado

Segundo um estudo recente, o próximo El Niño, caracterizado pelo aquecimento de uma faixa de água do oceano que percorre a América do Sul à Ásia a cada três anos, está previsto para ocorrer em torno de junho deste ano. Os pesquisadores alertam que as perdas econômicas decorrentes desse fenômeno podem ser 100 vezes mais caras do que se imaginava. 

Após analisarem o desempenho da atividade econômica global nos anos seguintes aos eventos de El Niño ocorridos em 1982-1983 e 1997-1998, os pesquisadores concluíram que ocorre uma desaceleração no crescimento econômico que dura pelo menos cinco anos após o fenômeno. Eles afirmam que as sociedades e economias afetadas pelo El Niño não apenas sofrem um impacto temporário, mas experimentam uma desaceleração prolongada do crescimento. 

Os cálculos indicam que, cinco anos após o evento, houve uma perda econômica de US$ 4,1 trilhões. Na versão seguinte do El Niño, o prejuízo aumentou para um total de US$ 5,7 trilhões. Levando em consideração a maior frequência das mudanças climáticas causadas pelo aquecimento global e os possíveis efeitos ampliados dos gases de efeito estufa nos futuros El Niños, os autores do estudo estimam que as perdas econômicas do século XXI podem chegar a aproximadamente US$ 84 trilhões.

Os pesquisadores ressaltam que os modelos climáticos atuais têm limitações em relação à previsão da amplitude do El Niño no Oceano Pacífico. São necessárias mais pesquisas para compreender melhor como o fenômeno será afetado pelo aquecimento global. No entanto, à medida que nos aproximamos de outro El Niño neste ano, que pode resultar no ano mais quente da história, os resultados do estudo demonstram que os impactos socioeconômicos desses eventos não podem ser subestimados.

O estudo reforça a importância de se considerar os efeitos do El Niño e das mudanças climáticas no planejamento econômico e na adoção de medidas para mitigar os danos causados por esses fenômenos.