Rafa Kalimann relata solidão profunda na gravidez e neurocientista explica por que esse sentimento é mais comum do que se imagina!
Especialista Telma Abrahão detalha como a remodelação do cérebro materno pode intensificar emoções durante a gestação

Foto: Redes Sociais
Rafa Kalimann entrou na reta final da gestação de Zuza, sua primeira filha com o cantor Nattanzinho, e abriu o coração sobre um dos maiores desafios emocionais da maternidade. Em entrevista ao podcast de Thaís Fersoza, a atriz descreveu que, mesmo cercada de afeto, tem vivido uma sensação de solidão “inexplicável”, algo que a surpreendeu pela intensidade.
“Eu não fico sozinha, mas eu sinto uma solidão inexplicável. É uma solidão muito profunda”, contou Rafa, destacando também as oscilações emocionais, a sensibilidade ampliada e momentos repentinos de tristeza. “Às vezes estou super bem, de repente me baixa aquela vontade de chorar. Fui respeitando isso, entendendo que também é hormonal, que faz parte das mudanças, da ansiedade, do medo do futuro”.
Para a neurocientista e especialista em desenvolvimento infantil, Telma Abrahão, o relato da apresentadora não apenas é comum, como tem base científica sólida. Segundo ela, o cérebro materno passa por uma transformação profunda durante a gestação. “A sensação de solidão que muitas mulheres vivenciam na gravidez tem uma base biológica. Isso porque, nesse período, o cérebro passa por um processo de remodelação neural perinatal, que provoca mudanças intensas em áreas relacionadas à empatia, à vigilância, ao apego e à proteção”, explica Telma.
Esse processo, impulsionado por oscilações intensas de estrogênio, progesterona, oxitocina e cortisol, deixa a mulher mais sensível tanto a estímulos externos quanto internos. “Essa ampliação da sensibilidade tem um papel evolutivo importante: ajudar a mãe a identificar possíveis riscos, fortalecer o vínculo com o bebê e responder de forma rápida às suas necessidades. Porém, esse mesmo mecanismo pode intensificar a sensação de isolamento, mesmo quando existe uma rede de apoio por perto”, afirma.
A neurocientista reforça que essa solidão não deve ser interpretada como fraqueza emocional. “É um efeito neurobiológico real. Estudos mostram que até 40% das gestantes relatam sensação de solidão ou desconexão emocional, mesmo em relações estáveis”, destaca.
Compreender esse processo ajuda a tirar o peso da culpa e reforça que essas sensações fazem parte de uma transformação profunda e comum na gestação. Ao reconhecer a base neurobiológica desse período, famílias e gestantes podem construir um ambiente mais acolhedor, abrindo espaço para diálogos sinceros e para uma rede de apoio mais presente ao longo da maternidade.


