“Rejuvenescimento da pandemia” preocupa diante da possível terceira onda da covid-19
Dados da Fiocruz apontam aumento de 1.418,18% no número de mortes entre os mais jovens

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A possibilidade de uma terceira onda da covid-19 anunciada pelo prefeito Bruno Reis nesta semana assustou muitos soteropolitanos e deve ser motivo de reflexão sobre a postura da população diante da pandemia, que já vitimou 20 mil pessoas em toda a Bahia, sendo seis mil só em Salvador. Apesar da gravidade da doença, infelizmente ainda é comum ver nos noticiários a realização de festas e aglomerações, que influenciam para o aumento de casos e internações pela covid-19. Só nesta semana, a taxa na ocupação de leitos Adulto em Salvador variou de 76% a 78%.
Quando a pandemia começou, em março de 2020, a maior preocupação em relação à fatalidade da doença era com os idosos. Após mais de um ano da pandemia e o surgimento de novas mutações, o público-alvo passou a ser os jovens, que atualmente representam 15% (de 20 a 29 anos) e 24% (30 a 39 anos) na ocupação dos leitos da capital baiana.
Um levantamento feito pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontou que o Brasil enfrenta um “Rejuvenescimento da Pandemia”, o que significa que a juventude tem sido a principal vítima fatal da covid-19. Conforme consta no 'Boletim Observatório Covid-19', na semana epidemiológica 12 e 13 (de 21 de março a 5 de abril), o aumento de casos para a faixa etária mais jovem, de 20 a 29 anos, foi de 740,80% em relação à primeira semana epidemiológica, no início de 2020. Já para os jovens de 30 a 39 anos, o aumento foi mais expressivo, de 1.218,33%. O número de mortes pela doença nesses dois públicos também é assustador, com alta de 1.418,18% (20 a 29 anos) e 1.376,74% (30 a 39 anos).
Segundo o boletim da Fiocruz, essa tendência de mudança no perfil de casos e óbitos pela doença “contribui para o aumento da pressão sobre o sistema de saúde, potencialmente prolongando o tempo médio de internação”, e também atribui a maior circulação dos jovens ao aumento nas taxas de transmissão em todo o país.
Em contrapartida, o início da vacinação para os grupos prioritários também pode ser um fator para a redução de internações da população idosa, por exemplo, que era a mais afetada no começo da pandemia. Dados divulgados em março pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Salvador mostraram que o número de idosos internados na capital baiana reduziu de 63% para 40%. Ainda conforme a SMS, atualmente, os casos confirmados da doença em idosos 60 a 69 anos, de 70 a 79 anos, e 80+, representam 9%, 4% e 3%, respectivamente, do total de infectados na capital baiana.
No boletim, a Fiocruz destaca a importância da celeridade na distribuição das vacinas e atribui a falta de adoção de políticas públicas para tentar mitigar o que chamou de "novos ingredientes" para o enfrentamento da pandemia.
"São imensos desafios, pois a vacinação que é uma importante medida para reduzir o número de casos ainda avança lentamente em um contexto em que nem todos estados e municípios vêm adotando medidas mais rigorosas de bloqueio e mitigação. A circulação de novas variantes de preocupação e o rejuvenescimento da pandemia ao longo das semanas, contribuindo para o aumento da pressão sobre o sistema de saúde, potencialmente prolongando o tempo médio de internação, constituem novos ingredientes que tornam ainda mais complexo o enfrentamento da pandemia", citou a Fiocruz.


