Saiba quais são os procedimentos no avião quando um piloto passa mal no voo
A "incapacitação de piloto" faz parte de treinamento em simuladores

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Um tripulante, de um voo da Air France, que fazia viagem de Guarulhos (SP), para Paris, passou mal quando o Airbus A350-900 XWB sobrevoava o estado de Minas Gerais e a aeronave precisou realizar um desvio para o Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro.
No dia seguinte foi a vez de um piloto da LATAM passar mal, durante o voo LA-3744, que ia de Brasília para João Pessoa. O piloto remanescente declarou emergência e desviou para Salvador, onde o Airbus A320 pousou em segurança e, horas depois, seguiu para a capital paraibana.
Em nota, a LATAM afirmou que seguiu todos os protocolos previstos para esse tipo de situação e reitera que adota todas as medidas de segurança possíveis, técnicas e operacionais, para garantir uma viagem segura para todos.
Esse tipo de ocorrência, embora raro, é chamado na aviação de "piloto incapacitado". O termo é utilizado para descrever a incapacidade de um piloto de desempenhar suas funções normais devido ao aparecimento, durante o voo, dos efeitos de fatores fisiológicos. A morte de um tripulante a bordo também se configura como um tipo de incapacitação em voo.
O Instituto Aeromédico da Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA), estudou o tema por anos. A pesquisa divulgada em novembro de 2022, intitulada 'Monitoramento Médico do Piloto: revisão do estado da ciência sobre identificação de incapacitação de pilotos', aponta que entre as principais causas estão problemas gastrointestinais, infarto, ataque epilético, derrame, falta de sono e hipóxia.
Quando um dos pilotos apresenta um problema de saúde, a primeira providência a ser tomada pelo piloto remanescente é assumir ou permanecer no comando operacional do avião e convocar o chefe dos comissários na cabine para ajudar o piloto adoecido, colocando-o em um assento mais confortável, por exemplo.
Na sequência, o piloto chama o Controle de Tráfego Aéreo e declara a emergência. É quando se combina com o controle para qual aeroporto o avião irá se dirigir, com total prioridade em sua rota.
Em situações de emergências como essas, o comissário chefe de cabine faz um anúncio para saber se existe algum médico a bordo para que um primeiro atendimento profissional seja dado ao tripulante incapacitado.
O comissário também verifica a possível presença de algum piloto da companhia que possa estar viajando como passageiro, para auxiliar o piloto remanescente.
"O principal do treinamento da tripulação é focar no controle da ansiedade de quem está no comando e prepará-lo para lidar com a dor e o sofrimento do colega", diz o comandante Fernando Pamplona.