Síndrome rara que acomete crianças com Covid-19 é registrada no Brasil
Caso ocorreu no mês de julho, no Rio de Janeiro

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Mesmo com os pais se cuidando para que não fossem infectados pela Covid-19, doença do novo coronavírus, a filha deles chamada Alice, de 3 anos, foi acometida pelo vírus em julho deste ano. No entanto, além dos sintomas de febre, comum para a doença, a criança acordou com olhos vermelhos, manchas pelo corpo e barriga inchada.
Porém, apesar de terem realizado dos exames para diagnóstico da Covi-19, o resultado saiu negativo duas vezes, o que não fez com que os pais se preocupassem, já que estavam tomando todas as medidas. Mas o estado da menina começou a se agravar, sem diagnóstico algum. Outros sintomas como pés e mãos descamando e febre intermitente surgiram.
Com sete dias de febre, o exame de sangue revelou o tipo de infecção generalizada e a criança foi internada na UTI pediátrica de um hospital do Rio de Janeiro e foi descoberto uma síndrome inflamatória rara ligada à infecção causada pelo novo coronavírus.
Trata-se de uma reação inflamatória grave que só acomete crianças e está associada a uma resposta tardia ao Sars-CoV-2. Até agora, foram descritos pouco mais de 200 casos no mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o CDC já emitiram alertas sobre essas vítimas.
"A síndrome não ocorre na fase aguda da covid-19. Em geral, aparece depois e pode ocorrer mesmo em crianças que apresentaram um quadro brando da doença", explicou a pediatra Tania Petraglia, presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro (Soperj).
Os primeiros relatos sobre a doença no mundo foram no Reino Unido, onde em maio deste ano a Sociedade Brasileira de Pediatria emitiu um nota de alerta sobre a síndrome e seus riscos. Apesar desse caso ter sido registrado no Brasil, o país ainda não tem números oficiais. Somente na UTI Pediátrica do Hospital Pedro Ernesto, no Rio, referência para o tratamento da Covid-19, já foram atendidas oito crianças. O hospital onde Alice ficou internada registrou outros dois casos.
Os especialistas ainda não sabem explicar por que a síndrome só ocorre em crianças, e nem por que ela acomete parte delas. Um estudo já está sendo realizado no Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos e vai acompanhar 6 mil crianças para chegar numa conclusão.