STF determina prisão de ex-chefe de Polícia Civil do RJ
Delegado é acusado de receber proprina de contraventores do jogo do bicho

Foto: Divulgação/PCRJ
A Segunda Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu nesta sexta-feira (30) restabelecer a prisão do delegado Allan Turnowski, ex-chefe de Polícia Civil do Rio de Janeiro, acusado de colaborar com contraventores do jogo do bicho.
Os ministros decidiram derrubar a liminar concedida por Kassio Nunes Marques que havia revogado a prisão preventiva em setembro de 2022. De acordo com investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro, Turnowski é acusado de receber propina da contravenção.
"Não parece faltar indícios da existência da organização criminosa da qual faz parte o paciente, e sua atuação na suposta prática de um conjunto de delitos notoriamente conhecidos e devastadores da ordem e paz públicas do Estado do Rio de Janeiro", escreveu o ministro Edson Fachin, que abriu a divergência contra a decisão de Kassio.
Votaram pela prisão os ministros Gilmar Mendes e André Mendonça. O ministro Dias Toffoli acompanhou Kassio.
O advogado Daniel Bialski, que representa Turnowski, afirmou que "a defesa vai interpor embargos de declaração no próprio STF e novo habeas corpus".
"Alguns temas foram omitidos, especialmente o fato do processo estar paralisado há quase um ano em diligência requerida pelo Ministério Público e, o mais importante, que todas as medidas alternativas foram cumpridas na integralidade, inocorrendo qualquer incidente", afirmou o advogado.
Turnowski foi preso durante a campanha eleitoral de 2022, quando era candidato a deputado federal pelo PL.
Segundo a denúncia, o ex-chefe da Polícia Civil "atuava de forma velada e dissimulada". "Ele obtinha informações junto aos asseclas de Rogério Andrade, como Jorge Luiz Fernandes (Jorginho) e Ronnie Lessa, e repassava para Fernando Iggnácio, por meio de Maurício Demétrio e Marcelo e, com base nas informações obtidas, deliberavam estratégias para enfraquecer o grupo rival."
Lessa está preso desde 2019 pelo assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do seu motorista Anderson Gomes. Iggnácio, apontado como bicheiro rival de Andrade, foi morto em novembro de 2020. Marcelo José Araújo de Oliveira seria elo entre Iggnácio e a Polícia Civil.
Na investigação, um dos crimes atribuídos a ele é a participação em um plano para executar o bicheiro Rogério de Andrade.
Na denúncia, porém, não há diálogos feitos pelo próprio Turnowski sobre a trama. A acusação da Promotoria baseia-se em mensagens do delegado Maurício Demétrio, nas quais afirma que o ex-secretário da corporação sabia do plano, que não foi concretizado.
Um mês antes de ser preso, Turnowski gravou um vídeo no qual afirmava ser vítima de perseguição política e ameaçou promotores caso fosse eleito deputado federal.
"Por que vão entrar na minha casa? Por perseguição política, porque vocês sabem que estou forte na minha campanha. E, como deputado federal, o jogo vai inverter. Hoje, só vocês podem armar para mim. Mentiras, inverdades, fazer uma costura para tentar me desmoralizar", diz Turnowski, candidato pelo PL.