Talibã assume última área de resistência no Afeganistão

O Talibã comunicou, nesta segunda-feira (6), que assumiu o controle total do Vale de Panjshir, no Afeganistão. De acordo com o porta-voz do grupo extremista, Zabihullah Mujahid, essa era a única área do país mantida por forças da resistência. Segundo o comunicado, um novo governo afegão será anunciado em breve. O porta-voz, entretanto, não especificou quando. 

Nas redes sociais, imagens mostraram membros do Talibã em frente ao portão do complexo do governo da província de Panjshir. Apesar de o grupo ter ocupado a região, a Frente de Resistência Nacional (FNR) nega a tomada, diz que continuará lutando e que mantém "posições estratégicas" no local. "A luta contra o Talibã e seus parceiros vai continuar", disse o FNR no Twitter.

No último domingo (5), o líder do grupo de oposição disse que tinha recebido propostas de acadêmicos religiosos para que um acordo seja negociado para encerrar o conflito na província. O chefe da Frente de Resistência Nacional, Ahmad Massoud, declarou nas redes sociais que está pronto para negociar com os extremistas. Antes disso, as forças do Talibã haviam dito que lutaram para chegar à capital de Panjshir depois de proteger os distritos vizinhos.

O Vale do Panjshir é uma região montanhosa a cerca de duas horas da capital, Cabul. Essa era a única das 34 províncias do Afeganistão que está livre do controle do Talibã. Os extremistas tomaram o controle do resto do país no início de agosto, assumindo o poder depois que o governo apoiado pelo Ocidente entrou em colapso e que o presidente Ashraf Ghani fugiu. Desde que retomou o controle do país, em agosto de 2021, o Talibã tenta se apresentar como mais moderado. Assim, nesta segunda-feira, o grupo afirmou que não haverá discriminação contra o povo do Vale do Panjshir, que tem uma etnia diferente dos pashtus.

Mais cedo, a mídia afegã tinha informado que acadêmicos religiosos pediram ao Talibã que aceitasse um acordo negociado para encerrar os combates em Panjshir. Não houve resposta imediata do grupo extremista. Tanto a resistência armada quanto o grupo extremista que tomou o poder nas demais províncias dizem ter provocado grandes danos e mortes no adversário.