Talibã reduz significativamente o direito das mulheres afegãs em um ano de poder

ONU está apreensiva com o colapso da economia e o agravamento da situação humanitária e de direitos humanos

[Talibã reduz significativamente o direito das mulheres afegãs em um ano de poder ]

FOTO: ONU Afeganistão

Nesta segunda-feira (15), completa um ano que o Talibã retomou o poder no Afeganistão. Nestes doze meses, o grupo acabou com quase todos os direitos conquistados pelas mulheres afegãs, e as agências da ONU estão apreensivas com o colapso da economia e o agravamento da situação humanitária e de direitos humanos. 

Segundo o chefe do sistema ONU no país, Ramiz Alakbarov, o mundo assiste à reversão significativa de direitos econômicos, políticos e sociais e “uma escalada preocupante de políticas e comportamentos restritivos” de gênero. “Sem o direito à educação, ao trabalho e à liberdade de movimento, as mulheres são cada vez mais relegadas à margem da sociedade”, ressalta.

De acordo com a ONU, mais da metade dos 41 milhões de afegãos está abaixo da linha da pobreza. Quase 23 milhões enfrentam insegurança alimentar. Cerca de 2 milhões de crianças sofrem de desnutrição e comunidades ficaram ainda mais vulneráveis depois do terremoto, há mais de seis meses.

A restrição da educação para as meninas prejudica a economia no país. Dados do Fundo da ONU para a Infância, Unicef, apontam que o custo de ter meninas fora do ensino médio chega a 2,5% de Produto Interno Bruto, PIB, anual. A estimativa é que se 3 milhões de alunas concluíssem o ensino médio e entrassem no mercado de trabalho, elas contribuiriam com pelo menos US$ 5,4 bilhões para a economia do Afeganistão.

“A futura escassez de professoras, médicas e enfermeiras, o impacto resultante na diminuição da frequência das meninas na escola primária e aumento dos custos de saúde relacionados à gravidez na adolescência”, afirma Alakbarov. 

Desde que o Talibã voltou ao poder, o país da Ásia Central perdeu a ajuda ao desenvolvimento, as reservas de divisas foram congeladas e as sanções agravadas. A diretora executiva da ONU Mulheres, Sima Bahous, falou sobre a aniquilação de “décadas de progresso em igualdade de gênero e direitos das mulheres em poucos meses.”

Abusos

Com efeitos da guerra na Ucrânia sobre os preços doas alimentos e combustíveis, a ONU Mulheres estima que 95% da população afegã, e quase todas as famílias chefiadas por mulheres, ficaram sem o suficiente para comer. 

Além disso, o país registra casos de execuções extrajudiciais, desaparecimentos, detenções arbitrárias, tortura, riscos elevados de exploração, inclusive para fins de casamento infantil e forçado. Outro desafio é a ruptura do Estado de direito sobre o qual “não se vislumbra qualquer intenção de cumprimento da promessa do Talibã de respeitar os direitos humanos”.
 


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