Taxas de cartão de crédito alcançam maior patamar desde agosto de 2017
Segundo especialistas, os aumentos representam a elevação da taxa básica da economia (Selic)

Foto: Reprodução/Agência Brasil
A taxa média do cartão de crédito da pessoa física apresentou alta pelo quarto mês consecutivo em outubro, com juros anuais do rotativo em 343,6% ao ano, o maior patamar desde agosto de 2017, segundo dados do Banco Central.
O crédito pessoal não consignado cresceu 6,2 pontos percentuais, entre setembro e outubro, para 83,6% ao ano, já as taxas dos empréstimos consignados para servidores públicos chegaram a 17,9%. No entanto, o juro do cheque especial registrou queda de 128,8%.
“Esses dados mostram a nova realidade de um mercado em que a alta de juros para corrigir a inflação deve ajudar a manter elevado o desemprego estrutural. Essa é uma situação delicada do ponto de vista do orçamento familiar, mas não chega a ser alarmante ainda”, disse Fabio Bentes, economista sênior da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Segundo especialistas, os aumentos representam a elevação da taxa básica da economia (Selic), atualmente em 7,75% ao ano, mas que ainda pode subir para 9,50% na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de dezembro.
Bentes afirmou que, mesmo que a inadimplência total para a pessoa física tenha ficado estável em 3%, a taxa de calotes no crédito de recursos livres nos empréstimos pessoais voltou a crescer, após dois meses de estabilidade, passando de 4,2% para 4,3%, mesmo patamar de novembro de 2020. “O ideal seria uma taxa de inadimplência em torno de 2%, mas acho que não vamos conseguir voltar a esse patamar tão cedo devido ao endividamento elevado das famílias”, alertou.
Como mostra os dados do BC, o endividamento das famílias também teve alta em agosto após leve recuo em julho, passando de 59,2% para 59,9% da massa salarial ampliada, novo recorde. “Retirando o financiamento imobiliário, esse percentual ainda está acima de 30%, o que acende um alerta”, disse Bentes.
Segundo Miguel Ribeiro de Oliveira, diretor-executivo de Estudos e Pesquisas Econômicas da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), a alta dos custos dos empréstimos para o consumidor e para as empresas já era esperado. Isso reflete um cenário mais instável da economia e a elevação da taxa Selic, que ocorre desde março. “A Selic é um dos itens que compõem as taxas de juros cobradas pelo mercado. Os bancos estão repassando os custos superiores de captação”, alertou.