Torcedores do Vitória lançam campanha no Twitter contra contratação de Wesley Pionteck
Jogador foi condenado por agressão a ex-namorada, em 2019

Foto: Reprodução
Após o nome de Wesley Pionteck ser publicado no Boletim Informativo Diário da CBF, um grupo de torcedores do Vitória lançaram a campanha no Twitter #WESLEYNAO, para chamar a atenção de patrocinadores do clube contra a contratação do jogador que foi condenado por agressão a ex-namorada.
#tamojuntobmd Jessica, bom dia. Somos torcedores do Vitória e estamos lutando contra um jogador condenado por agredir uma mulher, ele ainda cumpre pena. É inadmissível o clube aceitar um jogador desse, com a maioria da torcida sendo contra. WESLEYNAO @vanderson_vsn @jessicasenra pic.twitter.com/N90HAZKHsu
— WESLEY NÃO (@wesleynao_) March 12, 2021
O atacante Wesley tem 24 anos e foi formado nas categorias de base do Botafogo. Em outubro de 2019, ele foi condenado a um ano e quatro meses em regime aberto por lesão corporal por ter agredido sua então namorada em janeiro do mesmo ano. Na época, ele pertencia ao clube paulista e estava emprestado ao Santos, mas já tinha acerto com o Bragantino.
Segundo o boletim de ocorrência, o atleta teria chegado à residência da então namorada por volta da meia-noite com uma faca e a agrediu com socos e pontapés. A vítima também relatou à polícia que já tinha sido agredida pelo atacante em outras ocasiões e que ele agiu motivado por ciúme.
A defesa do jogador recorreu da decisão, e a condenação foi mantida em segunda instância. A sentença é definitiva. Wesley ainda cumpre a pena, mas tem permissão para trabalhar, treinar e jogar normalmente. Porém, precisa informar todos os deslocamentos à Justiça.
O atacante foi regularizado na tarde desta quinta-feira (11) e já pode estrear com a camisa vermelha e preta. Ele está apto, inclusive, a disputar o primeiro Ba-Vi da temporada neste sábado (13), às 16h, no Barradão.
De acordo com um dos organizadores, universitário Donato de Assis, 27 anos, a campanha não está sendo encabeçada apenas por mulheres. "A gente que é dessa nova geração de torcedores que nasceu entre os anos 90 e 2000 tem uma postura diferente de arquibancada. A gente veio aprendendo a lidar com outro tipo de sociedade contemporânea. A gente tem outros tipos de ideais. O futebol não está além do que a gente aprendeu como sociedade. Perceber que um cara como Wesley veio para o Vitória e foi aclamado por uma parte da torcida causou um certo tipo de incômodo e o nome dele no BID foi a prova completa de que dentro do Vitória existe hoje em dia a figura da misoginia e do machismo institucionalizado e, de uma certa forma, está consolidada na imagem do clube enquanto instituição".
O Paraná cogitou a contratação do jogador, mas, após uma reação da torcida feminina, o clube desistiu. Em dezembro, ele retornou ao Botafogo-SP, onde atuou em oito jogos pela Série B. Em fevereiro deste ano, o clube anunciou uma lista de saídas e confirmou o desligamento de Wesley.
Alguns dias depois, o Juventude também chegou a anunciar o atleta, mas voltou atrás por causa da pressão, por causa do histórico de violência contra mulher.
Oficialmente, o Vitória ainda não se pronunciou sobre a condenação de Wesley. Mas, em áudio enviado via Whatsapp na semana passada, quando vazou a notícia da possível negociação, o presidente do clube, Paulo Carneiro, comentou sobre o caso. "Se tiver que contratar um jogador nessas condições, e ele já cumpriu sua pena, ele não pode estar na sociedade? Por que, se a Justiça já deu a ele essa condição? É você que vai fazer justiça?".