Trump reabre base militar para ação contra Venezuela

Trump já anunciou três ataques contra embarcações que seriam de traficantes do cartel Tren de Aragua, que os EUA dizem ser controlado por Maduro, que nega

Por FolhaPress
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Trump reabre base militar para ação contra Venezuela

Foto: Alan Santos/PR

A grande mobilização aeronaval do governo de Donald Trump contra os cartéis do narcotráfico da Venezuela, um exercício de pressão que ameaça a ditadura de Nicolás Maduro, fez os Estados Unidos reabrirem uma base que estava fechada havia 21 anos em Porto Rico.

A Estação Naval Roosevelt Roads, no território americano no Caribe, já foi o ponto focal de intervenções de Washington na região: ações militares contra Granada, Panamá, República Dominicana e Haiti tiveram a unidade como centro operacional.

Agora, o temor no governo em Caracas é que a movimentação mire retirar Maduro, que é indiciado por tráfico nos EUA e tem US$ 50 milhões (R$ 265 milhões hoje) oferecidos por pistas que levem à sua prisão, do poder. A ditadura diz que o interesse americano é pelas reservas de petróleo do país, as maiores do mundo.

Trump já anunciou três ataques contra embarcações que seriam de traficantes do cartel Tren de Aragua, que os EUA dizem ser controlado por Maduro, que nega. Ao menos 14 pessoas foram mortas, em ações discutíveis, já que o Congresso não as autorizou e o país não está em guerra.

O republicano se ampara num decreto segundo o qual cartéis foram equiparados a organizações terroristas, estas sim passíveis de ações contínuas sem necessidade de aval parlamentar.

O tema está em debate. Caracas nega envolvimento com o tráfico, e países como Colômbia e Brasil já demonstraram preocupação com o cerco militar.

Enquanto isso, Trump fez a maior ação militar no Caribe em décadas. Deslocou no fim de agosto para Roosevelt Roads, base criada em 1943, a força expedicionária liderada pelo USS Iwo Jima.

Com outros dois navios de desembarque anfíbio, o USS San Antonio e o USS Fort Lauderdale, o contingente de fuzileiros navais prontos para ação soma no mínimo 3.150 militares, fora as tripulações.

O Iwo Jima traz consigo considerável poder aéreo: ao menos 11 helicópteros, 12 modelos de voo vertical e horizontal Osprey e 6 caças de decolagem vertical Harrier. Para completar, no sábado (13) começaram a chegar a Porto Rico dez caças de quinta geração F-35 operados pela Marinha.

Além disso, Roosevelt Roads registrou pouso de pelo menos um cargueiro gigante C-5 Galaxy, o maior dos EUA, e outro C-17 Globemaster-3. Há também dois aviões de vigilância P-8 Poseidon, aparelhos de reabastecimento aéreo e outras aeronaves.

Trump também determinou que uma equipe de ataque fosse às águas caribenhas. Um cruzador, três destróieres e um submarino nuclear fazem parte da flotilha, que tem poder de fogo muitas vezes superior a tudo o que a Venezuela pode oferecer.

Só de mísseis de cruzeiro de precisão Tomahawk, que poderiam ser usados em um ataque para decapitar o regime, são teoricamente 140 unidades. Contando outros modelos a bordo das embarcações, há mais de 400 armamentos em torno da Venezuela.

Maduro tem como diferencial mísseis antinavio chineses e iranianos, que podem fazer estragos, mas convidariam a uma retaliação destruidora. Há duas semanas, enviou dois antigos F-16 para sobrevoar um dos destróieres americanos, e Trump ameaçou abater qualquer avião venezuelano que faça o mesmo.

Roosevelt Roads volta, assim, a seu papel histórico na visão americana de que o Caribe é o lado do seu quintal geopolítico —algo desafiado pelas ditaduras socialistas de Cuba, Venezuela e Nicarágua, todas apoiadas pela Rússia e pela China.

Com o fim da Guerra Fria, em 1991, a base de 35 km2, área semelhante à de Carapicuíba (Grande São Paulo), caiu em desuso. Até 2003, na região vizinha de Vieques, havia um importante campo de tiro real da Marinha americana, mas ele foi desativado. No ano seguinte, a unidade foi passada para o governo local.

Sua estrutura de casas, escolas e hospital foi assumida por diversas entidades do governo, e a pista de pouso de 3,3 km seguiu sendo usada pontualmente – como no apoio a missões humanitárias após furacões. Em visita na semana passada, o vice-presidente J. D. Vance disse aos marinheiros do Iwo Jima que o treinamento era para ação real.

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