Das vaias à consagração do ataque do Tetra na última conquista de Copa América em casa

Seleção brasileira teve início pífio diante de uma torcida baiana revoltada com o corte de ídolo local

[Das vaias à consagração do ataque do Tetra na última conquista de Copa América em casa]

FOTO: Bob Thomas | Getty Images

Terceira Seleção que mais conquistou títulos na Copa América com oito conquistas, atrás do Uruguai (15) e dos nossos hermanos argentinos (14), o Brasil, no ano da conquista do título sul-americano de 1989, vinha de resultados ruins nos amistosos e ainda sem formação de equipe definida. A chance para reverter o desempenho foi jogando em casa, ao lado de sua torcida.

A jornada até a conquista do título na final contra o Uruguai, no Maracanã, teve uma série de obstáculos. O primeiro foi a excursão para a Europa com o técnico da época, Sebastião Lazaroni, que tinha como intenção acertar o time ideal para chegar voando na Copa América. A equipe canarinho disputou quatro partidas no Velho Continente e o desempenho foi um verdadeiro desastre: derrotas para Suécia, Dinamarca e Suíça, além de um empate sem gols com o Milan. Nos quatro jogos, apenas um gol marcado e uma sonora goleada para a equipe dinamarquesa por 4 a 0.

Revolta da torcida baiana

De volta ao Brasil, a equipe verde e amarela partiu direto para Salvador, onde disputaria, na Fonte Nova, as três primeiras partidas da fase inicial da Copa América. Durante o período da excursão, um corte revoltou a torcida baiana. O atacante Charles, ídolo e campeão brasileiro no ano anterior pelo Bahia, foi retirado da lista de jogadores que disputariam a competição.

Revoltada, a torcida tinha como um dos principais alvos o técnico Sebastião Lazaroni. O primeiro jogo foi contra a Venezuela e, logo aos dois minutos, Bebeto já abriu o placar para o Brasil, mas sem exaltação dos torcedores, que vaiavam muito o time. Geovani e Baltazar ainda anotaram mais dois gols, mas nada que empolgasse a torcida.

Dois dias depois do triunfo contra a Venezuela, a Seleção voltava ao estádio para enfrentar o Peru, diante de apenas 8.223 torcedores. Ao entrar no gramado, um sinal de que a relação entre equipe e torcida estava muito abalada. Renato Gaúcho, na época jogador do Flamengo, foi atingido por um ovo na cabeça. Em campo, um desempenho fraco e empate sem gols. Mesmo prognóstico se repete, desta vez no empate por 0 a 0 contra a Colômbia, para 9.150 torcedores.

Novos ares e união da dupla do Tetra

Com riscos de ser eliminada precocemente, a Seleção rumou para outra região do Nordeste. Recife, em Pernambuco, era a próxima parada. O confronto contra o Paraguai poderia selar a classificação para fase seguinte, e foi aí que Lazaroni promoveu o início de uma dupla que anos depois iria ser essencial na conquista do Tetra Campeonato Mundial: Romário e Bebeto.

A recepção da torcida pernambucana foi o oposto da baiana: 76.800 torcedores foram ao estádio Arruda ver o Brasil derrotar a equipe paraguaia por 2 a 0, com dois gols de Bebeto. Faltou mais um gol para a Seleção avançar em primeiro, mas não veio, e a equipe terminou em segundo no grupo atrás do próprio Paraguai.

O confronto também marcou o entrosamento de Romário e Bebeto. Eles já haviam atuado juntos pelo Brasil nas Olimpíadas de Seul, na Coreia do Sul, no entanto a relação era distante. Bebeto, defendia o Flamengo e Romário atuava pelo Vasco, e aparentemente o clima de rivalidade tomou conta dos jogadores que mal conversavam entre si.

Felizmente, para os brasileiros, a amizade dos dois transpareceu fora e dentro das quatro linhas. O Maracanã estremeceu, em uma das melhores apresentações da equipe no torneio. Mais de 100 mil torcedores viram Romário e Bebeto fazer bonito frente à Argentina de Diego Maradona, então a atual campeã do mundo.

Bebeto iniciou o caminho para a final com um lindo gol de voleio, considerado pelo mesmo como o mais bonito de sua carreira. O Baixinho também deu show. Além de marcar o segundo gol, deus dois chapéus na entrada da área e quase marcou um golaço. Por último, Romário ainda deu uma caneta no craque do time - sim, Diego Maradona foi vítima do drible do camisa 11, para o delírio dos brasileiros presentes no estádio.

Fim do Jejum de 40 anos

Bater a atual campeã mundial deu muita moral para a Seleção. Jogando um bom futebol, a torcida carregou o time a mais uma conquista histórica. O Paraguai na semifinal foi presa fácil para a equipe canarinho, que fez 3 a 0 e se classificou para a grande final.

Se o Maracanã já tinha estremecido contra a Argentina, a partida com o Uruguai na final quase fez o estádio ir abaixo. Mais de 132 mil presentes viram Romário decidir o jogo, quando, aos quatro minutos, Mazinho cruzou na área e o Baixinho se antecipou ao goleiro para marcar o primeiro e único gol da partida. Era o fim do jejum de mais de 40 anos sem título de Copa América.

Bebeto ainda terminou a competição como artilheiro, com seis gols feitos. Era o recomeço de uma seleção que estava na lama e alcançou o estrelato.


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