Vacinação só não basta e Carnaval preocupa, diz diretora-geral da OMS

Mariângela Simões ressalta que o que está acontecendo na Europa, em países que têm maior cobertura vacinal, devem servir de alerta para o Brasil

[Vacinação só não basta e Carnaval preocupa, diz diretora-geral da OMS]

FOTO: Reprodução/OMS

A brasileira com o posto mais alto na governança global de saúde, Mariângela Simões, alertou o Brasil sobre a importância de outras medidas sanitárias para cortar a transmissão do vírus. A diretora-geral assistente da Organização Mundial de Saúde (OMS) disse, na terça-feira (23), que a nova onda de Covid-19 na Europa é uma ilustração de que só a vacinação não é suficiente.

Em entrevista ao Valor Econômico, Simões afirmou que “o que está ocorrendo em países que têm maior cobertura vacinal é importante neste momento”, em referência à nova onda de contaminação em países europeus. “A ressurgência de casos na Europa após a flexibilização das medidas sociais e de saúde pública é uma realidade inescapável”, acrescentou. “Só a vacinação não basta; com certeza diminuem hospitalizações e mortes pelo Sars-CoV2, mas não impedem a transmissão a ponto de eliminar a circulação do vírus. ”

Para a diretora-geral, o uso da máscara continua sendo de extrema importância, em conjunto com outras medidas de prevenção à Covid-19, como o distanciamento social, lavar as mãos etc. Na Europa, vários países estão entrando em pânico com o crescente aumento, de novo, dos casos de infecções por coronavírus. Muitos impõe ou planejam restrições sanitárias mais rigorosas, como reduzir o deslocamento de pessoas nos centros comerciais, desencorajar como viagens e multidões nos restaurantes, bares, estações de esqui.

Alguns países como a Suíça estudam tornar obrigatório o uso da máscara no cinema, teatro, restaurante e escolas. Essas nações também incentivam o home office. E instituem o passaporte vacinal, não mais a quem apresenta teste negativo, mas somente a quem se vacina.

Em conferência na abertura do Congresso Brasileiro de Epidemiologia, Mariângela Simão observa que o programa de vacinação no Brasil segue em um bom ritmo. Mas, levando em conta o que acontece na Europa, ela não escondeu a preocupação com a evolução da pandemia no país caso realize o Carnaval.

“Me preocupa quando vejo no Brasil a discussão sobre o Carnaval. É uma condição extremamente propícia para aumento da transmissão comunitária ”, disse Mariângela, segundo a Agência Brasil.

No evento, ela diz que o futuro da pandemia depende de alguns fatores: a imunidade populacional, resultante da vacinação e da imunização natural; o acesso a medicamentos; como se comportam as variantes de preocupação e quão transmissíveis elas serão; a adoção de medidas sociais de saúde pública e a aderência da população a essas políticas.

“Onde medidas de saúde pública são usadas de forma inconsistente, os surtos continuarão a ocorrer em grupos suscetíveis”, afirmou ela.

A realidade internacional mostra ao Brasil que não dá para as autoridades de saúde se contentarem com o “booster” da terceira dose vacina contra o vírus. A própria OMS mantém uma recomendação restrita em relação à terceira dose, basicamente para pessoas mais vulneráveis ??e idosas. 

A mais recente avaliação da consultoria de saúde Airfinity é que na Europa a Hungria, Bélgica e Holanda são os países que correm maior risco de bloqueios futuros, com a quarta grande onda de Covid-19. A alta transmissibilidade da variante Delta combinada com temperaturas mais baixas está empurrando os níveis de infecção para cima, aumento das hospitalizações e mortes.

A Áustria tornou-se a primeira democracia ocidental a anunciar uma imposição de vacinação obrigatória para toda a sua população adulta. O país entrou em confinamento geral desde segunda-feira (22). Ao mesmo tempo, grupos impõe resistência às novas restrições impostas. 

Mas as autoridades dizem que não dá para ficar sem reagir fortemente. O diretor para a Europa da OMS, Hans Kluge, já deu mais de uma vez o sinal de alerta de que, pela trajetória atual das ocorrências, a Europa poderá ter 500 mil mortes por Covid até o primeiro trimestre do ano que vem.


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