Vazamentos de gravações clandestinas gera temor em Milei
Fontes da Casa Rosada e do Congresso confirmam a existência de mais gravações

Foto: O presidente da Argentina, Javier Milei, e sua irmã, Karina Milei. Créditos: Luis Robayo/AFP
O vazamento de mais gravações ilegais relacionadas Diego Spagnuolo, ex-dirigente da Agência Nacional para Pessoas com Deficiência (Andis) da Argentina, tem gerado temor ao presidente Javier Milei, que pode ser prejudicado nas eleições legislativas de outubro. Segundo fontes da Casa Rosada e do Congresso, existem mais gravações em áudio e vídeo ligados a ex-gestor da Andis. As informações são de Martín Rodrígues Yebra, Secretário de Redação do La Nación.
Recentemente, foi vazada uma gravação feita a cerca de um ano com voz atribuída a Spagnuolo. No áudio, o ex-dirigente compartilha informações comprometedoras sobre a existência de um esquema de propina de até 8% organizado pelo subsecretário de Gestão Institucional, Eduardo “Lule” Menem, braço direito da secretária-geral de Karina Milei, irmã do presidente.
No mesmo áudio, o ex-dirigente afirma ainda que caberia a Karina 3% da propina cobrada aos fornecedores de medicamentos para pessoas com deficiência e que “Estes são mais ladrões que os Kirchner”, em referência ao governo anterior.
A crise se agravou com a atuação da justiça. O promotor Franco Piacardi, ex-funcionário do Ministério da Justiça no Governo de Crsitina Kirchner apreendeu telefone, computadores e caixas de documentos do ex-dirigente; itens dos donos da drogaria Suizo Argentina, os irmãos Kovalivker, mencionados no áudio; além de celular e documentos do advogado Daniel Garbellini, mencionado como o responsável pela arrecadação das propinas dentro do governo.
Contudo, o presidente e sua imã se mantem em silêncio diante da situação. O chefe de Gabinete da Presidência, Guilhermo Francos, chegou a denunciar que a situação era uma operação da oposição.
A Secretária de Comunicação da Presidência anunciou a demissão do ex-dirigente. E, em um decreto, descreveu que “as pessoas que exercem função pública devem fazê-lo observando e respeitando os princípios e normas éticas de honestidade, probidade, retidão, boa-fé e austeridade republicana”, complementando que “a prevenção de condutas contrárias à integridade pública constitui um compromisso inadiável do Estado”.
A situação é contraditória ao fim do privilégio dos que se beneficiam do Estado, ideia que está na base de sustentação do governo Milei.