Veja duvidas e respostas sobre o desabastecimento no Brasil

Especialistas afirmam que não há motivo para preocupação

[Veja duvidas e respostas sobre o desabastecimento no Brasil]

FOTO: Reprodução/G1

A preocupação com o estoque de alimentos nos mercados em meio a pandemia de coronavírus e imagens de prateleiras vazias e produtos em falta têm aparecido no mundo e passaram a ser registradas no Brasil. Mas afinal, há risco de faltar comida ou algum mantimento no país? A indústria está preparada para um aumento no consumo? O Ministério da Agricultura, associações de produtores e distribuições de alimentos, bebidas e outros itens, responderão essas questões logo abaixo:

Por que alguns produtos estão faltando nos supermercados e farmácias?

Há casos de supermercados que estão registrando uma alta saída de produtos, como álcool e papel higiênico, e eventualmente o produto acaba na prateleira. A situação é pontual e não se caracteriza como desabastecimento, uma vez que a matéria-prima ainda pode ser encontrada e a reposição é feita normalmente. Em nota, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) diz que tem monitorado as lojas do país e, no momento, não foi identificado nenhum problema de desabastecimento, mas, sim, de reposição, devido ao maior número de clientes em algumas lojas.

Pode faltar comida?

Com relação aos alimentos, as entidades da indústria afirmam que a situação brasileira é muito confortável em relação a outros países. O comportamento dos consumidores é o que pode causar a falta pontual de algum produto em um mercado. Mesmo com um aumento da demanda, não há motivo para preocupação, afirma o presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia), João Dornellas.

Segundo ele, o abastecimento de produtos alimentícios está sendo feito normalmente e o país tem margem de sobra ainda que o consumo aumente. Ele afirma que a produção e a logística estão funcionando sem alterações. Foram criados comitês para monitorar diariamente a situação.

Segundo Dornelles, só o que pode causar a falta de algum produto alimentício em um mercado é se os consumidores estocarem e comprarem em muita quantidade naquele local. Mesmo assim, a indústria tem capacidade para enviar mais produtos. "Se identificarmos que falta algum produto em algum mercado, em algum bairro específico, nós estamos preparados para responder rápido e abastecer aquele local", diz.

Mas o que é desabastecimento?

É quando há uma falta generalizada e duradoura de um produto, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. "Quando falta um produto em determinados locais, ou por algum tempo, isso não caracteriza o desabastecimento, mas, provavelmente, um problema de fluxo da mercadoria, uma falta pontual de abastecimento, que pode ser superada por rápidas iniciativas do setor público e privado", informa o órgão.

"Seria desabastecimento se você tivesse uma ruptura na cadeia, uma disrupção na cadeia de maneira importante do tipo problemas com insumo", explica Silvio Laban, professor e coordenador do mestrado em Administração no Insper. Ele dá como exemplos uma praga que acaba com a plantação ou um desastre ambiental em alguma região específica. “Nestes casos, de fato, vai existir a questão do desabastecimento pela inexistência do produto”, afirma.

Há, agora, desabastecimento no Brasil?

Não, mas um produto que pode ter o fornecimento afetado é o álcool gel, que sumiu das prateleiras depois da corrida da população. A demanda pela substância que deixa o álcool com a consistência de gel, o carbopol, aumentou no mundo todo, afirma a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC).

"As empresas de médio e pequeno porte, que são as principais responsáveis pelo fornecimento do produto, estão se readequando diante da crise para atender a população, inclusive buscando novas soluções de matéria-prima”, afirma o presidente-executivo da ABIHPEC, João Carlos Basilio.

Existe risco de desabastecimento?

O presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia), João Dornellas, alerta que de nenhuma forma a livre circulação de matéria-prima e produtos finais pode ser restringida, porque isso, sim, pode afetar o abastecimento. Do contrário, o abastecimento segue normalmente.

Claudio Felisoni de Angelo, presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (IBEVAR) e professor de Administração na FEA/USP, vai numa linha mais realista e preocupada. "Não quero ser alarmista, mas o risco existe. Você tem muitas atividades que as pessoas precisam estar presentes na cadeia de produção, como frutas, legumes, verduras, carnes", explica.

Devo estocar alimentos, bebidas e produtos de primeira necessidade?

Com os pais fazendo home office e as crianças liberadas da escola, é natural que o consumo de alimentos médio de uma família aumente. "Nessa situação onde a gente é obrigado a ficar em casa por mais tempo, há necessidade de se reforçar a dispensa. Você vai comprar mais naturalmente porque as refeições serão preparadas em domicílio", explica André Braz, coordenador do IPC do FGV IBRE.

"Eu compraria o necessário a prover alimentação da família toda em casa nas três principais refeições: café da manhã, almoço e jantar", continua. O que não precisa acontecer é a correria para estocar alimentos, alertam os especialistas. "Nesse momento, as pessoas podem contribuir evitando desespero e a corrida desenfreada aos supermercados, além de não fazer estoque de mercadorias nas residências", diz Fábio Queiroz, presidente da Associação de Supermercados do Rio de Janeiro. "Nós recomendamos que as pessoas façam as compras que estão acostumadas, para a semana ou para o mês. Não há motivo para mudar", afirma Dornelles, da Abia.


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