Vídeo: CPI da Covid: embates marcam o dia de depoimento da médica Nise Yamaguchi
A médica foi ouvida nesta terça-feira (1)

Foto: Reprodução
A Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia no Senado Federal contou com momentos de conflitos no depoimento da médica Nise Yamaguchi, defensora do uso da cloroquina para o tratamento contra a Covid-19 e que se definiu como "colaboradora eventual" do governo nas ações de combate à pandemia. Um dos pontos de tensão registrado foi durante as perguntas feitas pelo senador Otto Alencar (PSD-BA), que questionou a formação da médica como infectologista. "A senhora não é infectologista. Se transformou de uma hora para outra, como muitos no Brasil se transformaram em infectologistas. E não é assim", disse Otto depois de perguntar a diferença entre vírus e protozoários, um dos vídeos que "viralizaram" nesta terça (1º).
Otto ainda perguntou se contra o vírus da gripe H1N1 foi usado um medicamento antiprotozoário ou antiviral, ao que Nize respondeu que foi a segunda opção. "Me perdoe, eu não queria nem constranger a senhora, porque eu vi logo do começo que a senhora sabia oncologia e imunologia, mas não tinha nada de conhecimento de infectologia. Já vi logo do começo. Eu não queria nem falar isso. Estava na dúvida se eu vinha lhe questionar ou não, para não deixar a senhora, como se diz na gíria, em saia justa", esclareceu o senador. Porém, em outro momento, quando Otto questiona qual o nome do exame para comprovar que o paciente teve a doença, Nise respondeu "anticorpos neutralizantes" mas não foi ouvida, por causa das frequentes interrupções do senador, conforme este trecho do vídeo.
Entre as interrupções, Nise chegou a registrar que gostaria de poder responder, mas continuou a ser interrompida. Diversos senadores utilizaram do mesmo modelo de interrogatório, pedindo respostas objetivas, como sim ou não, o motivo seria o tempo dado a cada um para falar na CPI.
Outro ponto tenso, foi com o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que pediu insistentemente que a médica indicasse as publicações científicas que indicam o uso da cloroquina contra a Covid-19. Nise falou sobre uma série do Henry Ford Foundation, que levou impressa à Comissão. "A senhora está entregando uma pilha de papel, que significa muito pouco para a CPI, porque efetivamente não corresponde àquilo que os seus colegas cientistas, médicos especialistas, referendam como conhecimento de alta qualidade. A gente não está tratando aqui da autonomia do médico. O médico, no seu trato com o paciente, tem autonomia. Nós sabemos disso. Nenhuma discussão nesse sentido há na CPI. Há, sim, a discussão da política pública que foi traçada, aparentemente, com base em evidências científicas de baixa qualidade ou insuficientes", explicou o senador.
Sobre a bula, Nise negou que tenha tentado mudar a indicação do remédio, mas confirmou que aconteceu uma reunião que tratou do assunto. "Então, não seria o caso ainda, com os dados que existiam, de se fazer qualquer solicitação, mesmo com relação às ações que o Ministério da Saúde quisesse", esclareceu a médica.