Vídeo: em clima de festa, Wagner Moura participa da pré-estreia de "O Agente Secreto" no cine Glauber Rocha
Foto: Farol da Bahia
Representante do Brasil no Oscar, “O Agente Secreto” (2025), teve sua pré-estréia nesta última terça-feira (4) no cinema Glauber Rocha, no centro de Salvador. O evento contou com a presença do protagonista Wagner Moura, da atriz Alice Carvalho, do diretor Kleber Mendonça Filho e da produtora Emilie Lesclaux.
Para iniciar a noite, o cantor O Kanalha apresentou um pocket-show dançando ao lado do ator Wagner Moura, que arriscou alguns passos. Em clima de festa, O Kanalha cantou a canção “O Baiano Tem o Molho”, a faixa foi adotada pelo público nas redes sociais na torcida pelo filme em premiações. Estiveram presentes também convidadas a cantora Daniela Mercury e a atriz Tânia Tôko, intérprete da personagem Neuzão em "O Paí Ó"(2007).
Pouco antes do início da exibição, a equipe passou pelas salas acompanhada de Cláudio Marques, diretor Glauber Rocha, para conversar com o público. Na ocasião, Wagner Moura exaltou a cidade natal e comentou sobre o longa.
“Esse filme é especial demais pra mim todo filme que eu participo, faço questão de estrear em Salvador. Não só porque eu amo, é a minha cidade, mas eu faço filme pro povo da Bahia ver. É um filme que tem tudo a ver comigo, com o jeito que eu penso cinema, o mundo, a política, a vida e tudo isso graças a esse rapaz [Kleber Mendonça Filho]”, disse o ator.
O diretor retribuiu o elogio e revelou que torce para que o filme alcance um grande público, em especial os jovens. Para ele, a arte permite que as pessoas acessem outras realidades.
“Eu quero muito que o filme seja descoberto pelo público brasileiro como um todo, mas pelos jovens em especial. Acho que toda vez que você vê uma obra, pode ser um livro, música, teatro ou cinema e que estabelece uma compreensão do próprio país, a gente melhora um pouco como cidadão. Também queria falar que esse é um filme feito com verbas públicas, ‘O Agente Secreto é um filme feito com verbas públicas que tá viajando o brasil e o mundo inteiro contando histórias de brasileiros”, afirmou.
“O Agente Secreto” estreia nacionalmente nesta quinta-feira (6) nos cinemas. O longa de Kleber Mendonça Filho será exibido em mais de 700 cinemas e 370 cidades do país, sendo o filme brasileiro com o circuito de lançamento mais amplo em 2025.
O Filme
Ambientado em 1977, durante a Ditadura Militar no Brasil, o filme conta a história de Marcelo (Wagner Moura), um especialista em tecnologia, de 40 anos. Ele retorna ao Recife (PE) para encontrar seu filho, enquanto foge de um passado misterioso cheio de inimigos. Porém, em meio ao Carnaval pernambucano, o desejo de paz do protagonista parece distante de se concretizar.
O longa de Kleber Mendonça Filho (KMF) passeia por diferentes gêneros, como thriller, noir, ação e até mesmo comédia para abordar um período histórico marcado por perseguições e violência. O diretor também é responsável pelos sucessos "Retratos fantasmas" (2023), "Bacurau" (2019), "Aquarius" (2016) e, claro, "O som ao redor" (2012) e "Retratos fantasmas" (2023) que também ecoam na mais recente produção.
A cidade de Recife, além de pano de fundo para a história de Marcelo, se torna um personagem, traço marcante em produções de KMF. A confusão e a folia do carnaval se misturam à confusão que rodeia o personagem, ao mesmo tempo que contrastam com a dureza do momento político. O humor permeia a métrica das 2h40 minutos do filme, com personagens icônicos, a exemplo da personagem Sebastiana, interpretada por Tânia Maria, uma senhora idosa que recebe Marcelo e outros fugitivos da ditadura em sua casa. Todos os momentos em que ela aparece em cena consegue se destacar pela performance cheia de referências regionais e bem humorada.
Para completar, Kleber faz uso do realismo fantástico para delinear a cidade, com a história da “Perna Cabeluda”. Uma perna é encontrada na barriga de um tubarão, ao ser retirada de lá, por uma bióloga, ela começa a aterrorizar a população cometendo crimes à noite.
Nesse contexto, o passado do personagem de Moura vai se delineando lentamente até culminar na descoberta do título do filme. A obra traz ao público um passeio pela memória, o tempo se desenvolve de forma que passado, presente e futuro convergem em um continuum. Como a cidade e a vida de diversos brasileiros foram afetados pelo período ditatorial e a forma como os ruídos desse passado permanecem até os dias atuais.
1977, também foi o ano em que o Brasil acordou sem Congresso Nacional. O presidente da República da época, general Ernesto Geisel, fez uso novamente do Ato Institucional 5 (AI-5) para anunciar o Pacote de Abril. A medida era composta por uma emenda constitucional e seis decretos autoritários com o objetivo de conter o avanço eleitoral da oposição e garantir sobrevida à ditadura.
Confira o Vídeo:
