Violência contra médicos aumentou 68% em dez anos; mais de 4,5 mil ocorrências foram registradas neste ano
Levantamento revela que a violência contra profissionais da saúde cresceu exponencialmente na última década

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM), obtido pelo g1, revelou que os casos de violência contra médicos aumentaram 68% em dez anos, com 4.562 boletins de ocorrência registrados neste ano. Estudos apontam que a violência contra profissionais da saúde cresceu exponencialmente na última década.
Este é o maior número de ocorrências da série histórica, uma média de 12 médicos agredidos por dia no país.
Outro levantamento, realizado em 2023 pelo Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren-SP), apontou que as enfermeiras também são vítimas. Os dados indicam que 80% dos profissionais de enfermagem no estado paulista sofreram agressões no ambiente de trabalho.
Já no Distrito Federal, outra pesquisa cita que 82,7% dos enfermeiros ou técnicos já sofreram violência física enquanto trabalhavam.
Em entrevista ao g1, a técnica de enfermagem Karina Valverde, de 45 anos, revelou que foi agredida pela acompanhante de uma paciente em um hospital na zona oeste de São Paulo. Ela sofreu arranhões, socos e tapas pela filha da paciente.
"Não tinha ninguém para me ajudar. O segurança é patrimonial, não interfere nesses tipos de caso. A médica do plantão também havia sido agredida dias antes", contou.
O caso de Karina aconteceu em maio, o que fez com que ela se afastasse do trabalho desde então, com síndrome do pânico e ansiedade.
"Volto [de licença] na próxima semana e já estou ansiosa. De tanto pânico e ansiedade, tive alopecia, meu cabelo caiu todo. Faço tratamento psicológico, mas sigo muito assustada", disse.
Já a médica Júlia Alves contou ao g1 que a exaustão emocional virou rotina. Em um dos plantões, a profissional relatou que levou um soco no rosto de uma mãe que exigia atendimento imediato para o filho.
"As agressões verbais são diárias e normalizadas. [Já] fiz boletim de ocorrência e exame de corpo de delito, mas escolhi não seguir com processo judicial. Seria um transtorno", revelou.