Vizinhos do Brasil impõem medidas para evitar a chegada das novas variantes da Covid-19
Temor envolve casos relacionados a mutação descoberta no Amazonas

Foto: Reprodução/Canaltech
A Colômbia e o Peru impuseram, nesta semana, restrições às viagens de brasileiros diante dos temores de que as novas cepas da Covid-19, mais contagiosas que a original, se alastrem por seus territórios. Depois do Brasil, a Colômbia é o país da região com mais diagnósticos de Covid-19 (2,05 milhões de casos confirmados e 52,5 mil mortes). No início do mês, mais de 30 milhões de pessoas entraram em um confinamento rígido de cinco dias devido ao aumento da transmissão durante as festas de Natal e Ano Novo. A prefeitura de Botogá, em paralelo, impôs quarentenas nos últimos três fins de semana.
As restrições surtiram efeito relativo e a média móvel de sete dias novos casos cai desde o dia 20. As mortes diárias, que também estavam em alta, começam a estabilizar. Autoridades, contudo, demonstram temor que a variante brasileira, que aparenta ser mais contagiosa que a original, se alastre pelo país. A mutação é tida como responsável pela segunda onda que levou o sistema público de Manaus ao colapso. O Sul colombiano, que faz fronteira com o Amazonas brasileiro, é particularmente vulnerável e uma das regiões com infraestrutura mais precárias do país.
Na quarta-feira (27), a Colômbia anunciou que suspenderá os voos de passageiros de e para o Brasil por 30 dias como medida preventiva. Nesta quinta (28), foi além, paralisando por duas semanas os voos domésticos de passageiros de e para Letícia, a capital do Amazonas colombiano. O Peru foi outro que proibiu a chegada de voos do Brasil até ao menos 14 de fevereiro. O país viu um agravamento da pandemia em seu território após as festas de fim de ano, que se acentuou nesta segunda quinzena de janeiro. Em um mês, o número médio de contágios diários passou de 1,6 mil para aproximadamente 5 mil, e as mortes dispararam de uma média de 50 por dia para 150.
Um dos países mais afetados da região durante a primeira onda, o Peru tem uma taxa de mortalidade, calculada a partir da relação entre casos confirmados e mortes, de 3,6%. Diante da piora do cenário, o governo peruano anunciou na quarta uma quarentena total para Lima e para um terço de seu território de 31 de janeiro a 14 de fevereiro, apenas com serviços essenciais funcionando. A Argentina, que também viu um novo surto após a virada de ano, foi outra que restringiu a circulação de pessoas, com a imposição de toques de recolher noturnos desde 8 de janeiro.
As medidas surtem efeito lento, mas gradual: o país, que prorrogou o fechamento de suas fronteiras com o Brasil, vê a média móvel de novos casos em queda desde 12 de janeiro. Paraguai e Uruguai, por sua vez, têm cenários relativamente controlados há meses, com curvas de contágio quase horizontais. Já o Chile e a Bolívia também viram os novos casos duplicarem no último mês: em média, 4,1 mil chilenos e 2 mil bolivianos são diagnosticados por dia com a Covid-19. Na Bolívia, há relatos de hospitais superlotados.


