José Medrado

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O Brasil é, infelizmente, em muitas situações, inclusive agravadas recentemente, uma nação que não se posicionou no mundo em seu devido lugar de grande nação. Os seus áulicos vivem das miudezas da política umbilical, sem a dimensão real de cidadania nacional, de povo. Nesse espectro, vemos sobejamente o machismo como forma de dominação e, o pior, aceitação por muitas mulheres. Há uma espécie de anestésico de reação, resignação feminino diante de constantes absurdos, crimes por conta da medieval estrutura de diferenças de gênero. O Brasil é o quinto país onde mais se mata mulheres no mundo, e apenas 10% das vítimas de violência sexual denunciam os crimes. Pesquisas reiteram que a cultura machista perpetua a violência contra a mulher. Recentemente (18/6) a Justiça do Estado de Minas Gerais absolveu um homem de 19 anos que engravidou a namorada, uma menina de 11 anos. Na sentença, o juiz entendeu que o relacionamento era consentido e aprovado pela família da criança. O homem foi denunciado pelo Ministério Público de Minas Gerais pelo crime de estupro de vulnerável, previsto no art. 217-A combinado com art. 234-A, III, do Código Penal. A infração consiste em manter relações sexuais ou praticar ato libidinoso com menor de 14 anos.

Pois bem, na sentença o juiz argumenta que a vulnerabilidade da menina deve ser relativizada, já que ela tinha capacidade de consentir os atos. De acordo com depoimentos dos envolvidos, os dois mantinham relações sexuais desde o começo do namoro e os familiares aprovavam o relacionamento. Assevera o juiz: “No caso dos autos, percebe-se que não há dúvidas de que as práticas sexuais foram consentidas pela suposta vítima e isentas de coação ou qualquer tipo de violência, bem como que a família dela possuía conhecimento do relacionamento entre a vítima e o acusado”.

Em novembro do ano passado um caso rumoroso mobilizou a opinião pública, quando um juiz absolveu um empresário por falta de provas da intenção de estuprar à influenciadora Mariana Ferrer. O juiz inventou para livrar o acusado, um tal de estupro culposo, onde não se comprovou a intenção do crime. Imagine!

O próprio presidente, então deputado, em 2017 afirmou: "Eu tenho cinco filhos. Foram quatro homens, aí no quinto eu dei uma fraquejada e veio uma mulher". O fundamento do machismo é a ideia cultivada e disseminada de que o homem é superior à mulher, principalmente em gestões públicas e mesmo privadas. Esse embasamento é simbolizado por um sistema de representações, que induz a se acreditar em uma falácia, uma mistificação direcionada a se estruturar uma ideia de dominação do homem sobre a mulher. Não é de forma alguma exagero, basta olhar todos os sistemas de mando no país.  É imprescindível que vocês mulheres reajam com mais vigor à manutenção deste conceito e ações machistas, que só nos fazem realçar como republiqueta.  


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