José Medrado

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Estamos vivendo por estas pragas brasileiras de choque em choque. Naturalmente, que mais do que choques são os murros na boca do nosso estômago, ao vermos pessoas pulando em caçamba de caminhão de lixo para buscar comida...não podemos nos acostumar com esta degradação da nossa gente, fingindo que nada está acontecendo. Porém, outra questão que em especial tem me chamado a atenção é a forma com que as empresas estrangeiras tratam o consumidor brasileiro, e não falo do natural descaso, em face da leniência dos poderes públicos em apená-las com rigor, a fim de fazerem respeitar o nosso povo. Falo de fatos como o que a Zara (loja espanhola de roupas e acessórios) que tinha código para identificar, quando entravam em suas lojas em Fortaleza, negros e pessoas vestidas simplesmente. 

O Brasil, o seu povo, infelizmente, vive de aparência. Não apenas para ostentar o que não possui, mas, talvez principalmente, atribuir valor de consideração e “respeito” a quem se apresenta bem vestido. Nada contra a quem tem sua forma de se vestir, com os seus adereços, grifes...o que seja. Não é isso. Falo de fachada, de se valorizar a aparência. Razão pela qual, sem dúvida alguma, que todo estelionatário se vente bem, tem o que se chama de boa apresentação. Chamou-me a atenção, faz pouco tempo, quando um  juiz do Tribunal de Justiça do Pará fez um desabafo, em suas redes sociais, após ouvir críticas por ele “não se portar como juiz”. André Alencar, nascido no Maranhão, afirmou na postagem que ouviu o comentário após decidir ir à feira para tomar um caldo de galinha caipira. Ele é frequentemente criticado por usar roupas simples. Imaginem! 

A verdade é que o brasileiro se preocupa e dá muita importância para o olhar do outro sobre si, e faz do seu olhar o conceito e definição do outro. Muitos estudos de psicologia já falam da existência do chamado “estereótipo de beleza”, e de apresentação. Essas pessoas são tidas como mais bem-sucedidas. E o pior: utilizam desse estereótipo para avaliar,  fazer julgamentos a respeito do caráter de alguém. É triste mais é um fator determinante do funcionamento social brasileiro. Razão pela qual, acredito, que na mesma esteira da insensatez vão lojas como a Zara. 

O brasileiro não se respeita e , naturalmente, não gera nesse quesito, respeito. Guarda a ilusão, que de há muito conhecemos, quando  um ditado popular afirma que “o hábito faz o monge”, onde a interpretação mais comum diz respeito ao julgamento que fazemos de uma pessoa com base na aparência... Fato é que a roupa não faz a pessoa, nem a pessoa deve se preocupar em fazer a sua roupa símbolo diante dos outros. Vista como o/a apraz, para o seu bem-estar. Comecemos a mudar esses comportamentos de um Brasil da monarquia.
 


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