José Medrado

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A célebre frase atribuída a Sócrates – Só sei que nada sei -  gera entre filósofos a dúvida se, efetivamente, é do conhecido grego, isso porque o pai da Filosofia não deixou escritos. É impossível, então, precisar se ele realmente proferiu a frase. Evoco o conhecido pensamento, em função de que hoje em dia, se vê nas redes sociais, por mais que as pessoas sejam versadas no que se manifestam, como diriam os antigos: estudadas, sempre lerão um eu acho que...e aí sai de baixo, porque vem o “saber” do(s) “especialista(s)” no que foi pautado. Há uma verborragia sem fim do que esses estudiosos sabem sobre tudo. Chega a ser risível se, em muitas manifestações, não houvessem atentados a tudo, principalmente a ciência. Há uma espécie de licença para um tudo eu sei, por isto opino sem fim. O pior: os tais arrazoados cheios de “saber” estão pulando da internet e se alojando em argumentação de conversas, mas isto não é novo. A presunção sempre foi o substantivo dos ignorantes, que imantados pela prepotência, fazem do achismo suas credenciais acadêmicas. Lembro-me que quando fazia meu mestrado em Família, pela Universidade Católica, em uma das aulas, a professora falou do resultado de uma pesquisa acadêmica, acerca da não inferência em filhos de casais do mesmo gênero, em relação a orientação sexual da criança. Uma colega foi categórica: Discordo, claro que vai interferir. Ao ser questionada pela professora, em que base estava a discordância dela, a “estudada” disse que conhecia um casal... e por aí foi, para riso de todos nós e um “cala boca, Magda” do fundo da sala. 

São de fato impressionantes essas cátedras. Não há dúvida que todos nós guardamos a nossa opinião sobre tudo, mas ela é apenas a nossa opinião, se quisermos alumiá-la precisamos mergulhar em quem de fato conhece e guarda real saber sobre o tema que se esteja em comento. O fato é que as opiniões nunca foram tão expostas, e tudo que aí está sendo colocado é material que sempre esteve nas mentes de quem o proclama, mas que agora se sente à vontade para ser colocado para fora. Não apenas como liberdade de expressão, como muitos defendem tudo, mas, também, a sombra de cada um (sombra no conceito de Jung).     

Todo mundo fala sobre tudo e o tempo todo, desde as censuras aos pelos de Gretchen até física quântica. O importante, prevalece, não é o conteúdo, mas o falar, o escrever.  Dividir experiências é algo que engrandece, mas a disseminação de material inventado, sabendo-o desta forma, a depender do que seja, é criminoso, pois será de imprevisível consequência. Não adianta contrapor a esses construtores de mentiras e crimes, pois quem envereda por suas” certezas” não abrirão mão delas. Antigamente esses cheios de pose e saberes, sem nada terem, eram chamados de doutores pasta pura.  


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