Dr. Felipe Gaia

Hipogonadismo ou falta de hormônios sexuais

•    O que caracteriza o hipogonadismo?
Hipogonadismo é uma doença no qual as gônadas (testículos nos homens e ovários nas mulheres) não produzem quantidades adequadas de hormônios sexuais, como a testosterona nos homens e o estrogênio nas mulheres. Além dos hormônios os testículos podem não produzir espermatozoides adequadamente e da mesma forma, os ovários podem não produzir liberar óvulos, o que causará dificuldades para iniciar uma gravidez. 

Tipos

•    Existe mais de um tipo de hipogonadismo? Como diferenciá-los?
Antes de mais nada é preciso lembrar que as gônadas funcionam comandadas por uma outra glândula chamada hipófise. Esta glândula fica na base do cérebro e produz hormônios (FSH e LH) que fazem os testículos e ovários funcionarem. Assim podemos começar a diferenciar os tipos de hipogonadismo. 

Quando o hipogonadismo ocorre por problemas das gônadas, que podem ser acometidas por alguma doença e com isso passam a apresentar falha na produção de hormônios, neste caso é chamado pelos médicos de hipogonadismo hipergonadotrófico. Alguns médicos podem chamar esta forma de hipogonadismo primário, mas este termo é menos aceito na comunidade médica no momento. 

Por outro lado, se a causa do mal funcionamento das gônadas for decorrente de um problema da hipófise, os médicos chamam isso de hipogonadismo hipogonadotrófico. Alguns médicos podem chamar esta forma de hipogonadismo central ou secundário, mas este termo é menos aceito na comunidade médica no momento.

Os tipos de hipogonadismo também podem ser diferenciados de acordo com o tempo de surgimento. Em alguns casos os pacientes já nascem com problemas nas gônadas, isso é chamado de hipogonadismo congênito, outras vezes os pacientes adquirem o problema depois do nascimento, isso é chamado de hipogonadismo adquirido.

Causas

•    Quais são as causas mais comuns de hipogonadismo?

Existem várias causas para de hipogonadismo. Em homens adultos a causa mais frequente hoje chama-se a obesidade, que influencia negativamente na função da hipófise e dos testículos.  Traumas (pancadas) ou infecções nos testículos (como a Caxumba, por exemplo) são outras causas comuns.

Em ambos os sexos o uso de medicamentos lícitos (como agentes quimioterápicos ou medicamentos para dor que contenham opióides, por exemplo) e ilíticitos podem afetar a função das gônadas.  Outros distúrbios hormonais não tratados como o Hipotireodismo, podem levar ao hipogonadismo.

Do ponto de vista de causas congênitas (genéticas) a Sídnrome de Klinefelter é a causa mais comum em homens e a Síndrome de Turner é a causa mais comum em mulheres. 

•    Quais são as causas menos comuns de hipogonadismo?

Dentre as formas menos comuns existem:

•    Doenças autoimunes, doenças na qual nosso sistema e defesa produz anticorpos que ao invés de atacar germes passam a atacar o próprio organismo, no caso os testículos ou ovários. 
•    Hemocromatose, doença no qual nosso organismo começa a depositar ferro nos tecidos levando a dano nas gônadas ou mesmo na hipófise.
•    Outras doenças como: doença de Kallman, tumores hipofisários, HIV (AIDS), ou mesmo outras doenças crônicas podem levar ao hipogonadismo. 
•    Emagrecimento importante pode ser uma causa de hipogonadismo, especialmente em mulheres atletas. 
•    Cirurgias e radiação: cirurgias ou radioterapia, realizadas em locais próximos ao testículo, ovários ou hipófise podem ocasionar alteração da função gonadal. 

Fatores de risco

•    Quais são os fatores de risco?

Pacientes que apresentem o histórico de alguma das situações acima podem apresentar o quadro de hipogonadismo (sinais e sintomas) podendo necessitar de uma avaliação especializada.

Sintomas

•    Quais são os sintomas comuns de hipogonadismo?

Em homens:
    Baixa de libido
    Dificuldade na ereção 
    Redução de pelos corporais como barba, pelos axilares e pubianos
    Redução da produção de esperma
    Dificuldade para engravidar a parceira
    Perda de massa muscular e ganho de gordura
    Falta de energia e desânimo

Em mulheres:
    Alteração do ritmo menstrual que pode checar até a ausência desta por mais de 3 meses (amenorreia)
    Dificuldade de engravidar
    Redução da libido e perda dos pelos pubianos e axilares
    Falta de energia, perda de massa muscular
    Fogachos (calorões que são comuns em mulheres menopausadas) em mulheres com menos de 40 anos

Em crianças: 
    Ausência de puberdade 

o    Meninas:
     não desenvolvem a mama até os 14 anos
     não menstruam até aos 14 anos
    Não desenvolvem pelos pubianos até os 14 anos

o    Meninos:
    Não desenvolvem o pênis até os 16 anos
    Não desenvolvem pelos pubianos
    Não mudam voz até os 16 anos
    Surgimento de mamas em qualquer idade

Buscando ajuda médica

•    Quais sintomas ou condições de alerta indicam a necessidade de uma consulta médica?

Qualquer um dos acima

Diagnóstico

•    Como é feito o diagnóstico de hipogonadismo?

O diagnóstico é feito através da história clínica do paciente, do exame físico e confirmada através da realização de exames complementares. 

Vários exames podem ser solicitados a depender de cada caso, como por exemplo a determinação do painel de hormônios como: FSH, LH, estradiol, progesterona, testosterona, DHT, prolactina, TSH, T4L, etc. Podem ser necessário realizar outros exames como: espemograma, ultrassom de testículos, ultrassom de pelve (para avaliar os ovários), ressonância da hipófise etc. Lembrando que os exames citados devem ser diferenciados de acordo com sexo do paciente. 

•    Quais exames podem ser feitos para acompanhamento de hipogonadismo?

Vai depender do diagnóstico que for dado ao paciente

Tratamento

•    Quais são os medicamentos para tratar hipogonadismo?

O tratamento vai depender da causa do hipogonadismo. Por exemplo, quando a causa é um tumor hipofisário o tratamento pode ser a cirurgia  para esta lesão ou mesmo o uso de medicamentos (quando o tumor é produtor de prolactina).
Na maioria dos paciente com hipogonadismo, quando a causa não é tratável, como por exemplo, numa lesão testicular por trauma  ou ovariana por uma doença autoimune, o tratamento consistirá na reposição dos hormônios sexuais que estão em falta, como por exemplo a testosterona, o estradiol e a progesterona, a depender do sexo do paciente. 

•    Existem outras terapias ou procedimentos? Quais?

Em alguns casos, quando a doença inicial não é da gônada (como por exemplo, numa lesão de hipófise pós radioterapia) e o paciente tenha o desejo de fertilizar, alguns tratamentos podem ser feitos utilizando medicamentos que estimulem a função dos ovários ou testículos. Em geral são medicamentos que contem moléculas iguais ou semelhantes ao LH ou FSH que são naturalmente produzidos no nosso organismo.

Convivendo com/prognóstico

•    Quais mudanças de estilo de vida o paciente precisa fazer para evitar complicações decorrentes do hipogonadismo?

Nenhum, deve no caso passar no médico e tratar quando necessário e possível. 
Complicações possíveis

•    Quais são as possíveis complicações decorrentes de hipogonadismo não tratado ou tratado tardiamente?

A primeira complicação do hipogonadismo é a perda de fertilidade com a incapacidade de gerar filhos. Além disto, a falta de hormônios sexuais precocemente pode levar a alterações metabólicas com o aumento do risco cardiovascular (infartos ou derrames), ganho de peso, perda de massa muscular, alterações do humor (desanimo, tristeza, falta de energia) e alterações da massa óssea com maior possibilidade de evoluir com ossos fracos e mais sujeitos a fraturas (osteopenia e osteoporose).

Expectativas

•    Quais as chances de cura para hipogonadismo com tratamento adequado?

Depende da causa do hipogonadismo, algumas vezes quando a causa é um fator passível de correção, o paciente pode ser curado, mas na maioria das vezes o fator mais importante é o tratamento adequado com acompanhamento especializado e reposição correta dos hormônios. 
Prevenção

•    É possível prevenir? Se sim, como?

Somente algumas causas podem ser preveníeis, como por exemplo o ganho de peso e a falta de sono em homens. Neste caso orienta-se ter uma vida saudável comendo bem, dormindo o tempo adequado e fazendo atividades físicas. 
Também é importante evitar a alto-medicação, pois alguns medicamentos interferem na função das gônadas. 

Dr. Felipe Henning Gaya

Ensino Superior em Medicina, concluído em 2000, na Universidade Federal de Alagoas
Pós-Graduação em Medicina, concluída em 2015, na Universidade de São Paulo
Doutorado em Ciências Médicas, concluído em 2011, na Universidade de São Paulo
Pós-doutorado em Departamento de Clinica Medica, concluído em 2015, na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Especialização em Ciência da Informação, concluída em 2009, no A.C.Camargo Cancer Center

Especialidade

Endocrinologia
Departamento
Endocrinologia Adulto


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