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Ipadê: o encontro da Ancestralidade

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Ipadê: o encontro da Ancestralidade

Ipadê: o encontro da Ancestralidade

Diferente do que muitos pensam, a cerimônia do Padê ou Ipadê, nada mais é que uma reverência àAncestralidade de quem idealizou toda esta dinâmica a qual chamamos de Candomblé. Com objetivo de que todo o ritual ocorra sem nenhuma intercorrência, Exu – Orixá que transforma o erro em acerto e a desordem em ordem é o primeiro a ser reverenciado, para que, desta forma, ele possa estar à frente das obrigações e proteger a casa. Por este motivo, muita gente associa esta cerimônia como “despachar Exu”, onde farofas e aguardente são ofertadas, objetivando o bem estar da comunidade.

 

Entretanto, esta cerimônia é bem mais abrangente e complexa do que imaginam.  Além de todos os Orixás e Ancestrais reverenciados, as pessoas responsáveis pelo ritual também são honradas: a/o Ajimuda – cargo unissex; a Iyámorô e a Iyá Bassê – cargos femininos, haja vista o prefixo IYÁ, que significa mãe, em Iorubá e os cargos masculinos,Assobá e Apokan, todos vinculados à casa de Omolu, exceto a Iyá Bassê, que é a cozinheira do Terreiro e cozinha para todos os Orixás. Rendemos homenagem também às Mães Ancestrais, as Iyá-mi Oxorongá; aqueles não iniciados, os Alejôs – visitantes, e principalmente aos faladores - os maledicentes que vão pra casa alheia falar mal. Pois é... Até eles são reverenciados!

 

O Padê é visto comumente nas casas mais antigas, e, consequentemente, naqueles Terreiros descendentes destas casas. Nem todo mundo conhece a dinâmica do Padê, e sempre vinculam somente a Exu. O Padê normalmente é realizado em dias de grandes festividades e em Axexê. Nos dias de festa, acontece sempre ao entardecer. De luzes apagadas, o Padê é tocado nos Atabaques e Agogô. Os filhos mais novos (abiãs e iaôs), em esteira coletiva ou individual, se ajoelham e ficam de cabeça baixa por todo o ritual, levantando somente em determinado momento. Enquanto os mais velhos permanecem sentados em seus banquinhos ou cadeiras. Quando o Padê termina, as luzes acendem e o Orixá homenageado é reverenciado. Já em cerimônia fúnebre, o Padê acontece à noite, conseguinte ao ritual do Axexê. Uma vela ilumina a obrigação, o que difere dos Padês em dias de festa. E, ao invés dos Atabaques, a cabaça com um pequeno corte em seu “pescoço” para que o som saia serve como instrumento percussivo.

 

A Iyámorô e o/a Ajimuda são responsáveis pelo ritual, onde elementos litúrgicos são manipulados, objetivando reverenciar e agradar todos aqueles supracitados. Toda esta manipulação feita no decorrer da obrigação é levada até uma árvore dentro do Terreiro, e depositada em seus pés - raiz, a fim de que as energias recebam, e os bons fluídos emanem no local. Ao pé da letra, Padê significa: reunião, encontro. A meu ver, nos dias de festa, o Padê é a conclusão de todo o ritual feito durante o dia. A festa no barracão, que é aberta ao público, serve somente para regozijar tudo aquilo que foi feito durante o dia. O Padê é uma obrigação de suma importância dentro de uma casa de Candomblé, onde o bem estar daquela comunidade, e principalmente daquele que vem somente à noite, na hora da festa, seja uniforme. Pois quem procura o Terreiro, tem que sair com o astral positivo. E o Padêé a previa para que tudo de bom aconteça.

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