José Medrado

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Este fim de semana estava assistindo ao filme Minha mãe é uma peça 3, com, claro, Paulo Gustavo. Apesar de uma comédia, com tiradas espetaculares, terminei de ver o filme com lágrimas nos olhos: pela mensagem passada, pelas fotos exibidas nos créditos finais. Claro, lamentei a perda dele para a COVID-19. Que pena!! Que dó!! Seus filhos cresceram sem um dos pais. Como não lamentar? Não apenas a vida dele, mas de todas as vidas que deixaram vazios em seus amores, parentes, amigos...como não? Postei essa minha tristeza em minhas redes sociais. Naturalmente, que muitos começaram a postar suas saudades dele e de seus parentes e amigos. Há depoimentos que senti na alma. Isso não é politicagem, como alguns querem construir suas narrativas. Isso é humanidade. 

É muito triste vermos que sentimentos de compaixão, solidariedade, nem falo amor ao próximo, pois temos tantas dificuldades em amar os nossos próximos, quanto mais os estranhos. Não! Não falo de amor ao próximo, falo de se colocar no lugar do outro, pura e simplesmente, sem demagogias ou mesmo expressão de exagero exibicionista. Estamos, ao que parece, em uma competição, uma olimpíada para prevalência de argumentos, de firmação de ideologias e não nos damos conta de que falamos de seres humanos. Não me importa o número de curados, seguem o fluxo da vida. Alguém disse que se o nosso avião está caindo, a gente não diz ao passageiro do lado: - Bobagem. Há milhares voando agora firmes. Claro que não. Visto que a morte é a coisa mais certa da vida, não se busca a sua antecipação, ou ainda a chegada dela na distância de uma UTI, sem o calor, o afago de um coração amoroso. 

Sei que, muitas vezes, as conveniências ditam as regras de comportamento, de ações ou mesmo reações, mas tenho medo do que estamos nos tornando. Nós que sempre nos falamos como um povo amigo, solidário. Ilusão?! Será que Chico Xavier estava certo, quando dizia que “a desilusão é a chegada da verdade”. Infelizmente, parece que sim. E é disso que tenho medo. Não por mim, ou minha geração, ou até duas gerações para trás. Sinto inquietude pelas crianças de hoje, ainda que elas tragam em suas almas valores quentes que a nossa geração não tinha na faixa etária delas. Certamente, são espíritos que chegam com um compromisso de transformar este mundo, mas nisto resiste o meu temor: que a nossa desumanidade não termine por contaminá-las, como temos feito, de regra, com tudo que nos cerca. 

Não culpem Deus, tudo isso é fruto de nós mesmos.


 


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