José Medrado

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O Brasil recebeu neste mês um verdadeiro chamado tapa com luvas de pelica, isto porque as deputadas federais Erika Hilton e Duda Salabert, além da líder indígena, acadêmica, Txai Suruí integrarem a Time100 Next, lista da revista Time que elenca cem lideranças em ascensão pelo mundo. De acordo com a publicação da Revista Time, as duas primeiras parlamentares trans inspiram o mundo com suas lutas políticas e aponta a violência que ambas têm sofrido na trajetória política. Em seu texto, divulgando as homenagens, a revista posicionou: "A ascensão política de Erika Hilton e Duda Salabert para se tornarem as primeiras mulheres transexuais no Congresso Nacional do Brasil tem sido difícil, repleta de ameaças de morte e ódio. Mas as mulheres, recentemente eleitas num país onde os indivíduos transexuais enfrentam um elevado risco de violência, não deixam que essa realidade limite as suas aspirações legislativas".

O Brasil, sinto assim, que se diz um país solidário, infelizmente guarda, em grande parte, na sua essência, ações violentas contra grupos LGBTQI+, sendo o país que mais mata pessoas deste grupo no mundo. O Grupo Gay da Bahia divulgou relatório de mortes violentas no Brasil em 2022. De acordo com o levantamento, 256 LGBTQIA+ foram vítimas de morte violenta: 242 homicídios (94,5%) e 14 suicídios (5,4%). É uma morte a cada 34 horas.  

Ainda na divulgação do GGB a pequenina Timom (MA), com população de 161.721, é o município brasileiro mais inóspito para um LGBT, 62 vezes mais perigoso que São Paulo. O estado mais “gayfriendly” é o Rio Grande do Sul e o mais homofóbico, Amapá, com quatro veze mais mortes violentas de LGBT que a média nacional. O Nordeste é a região mais insegura para LGBT, com 43,3% das mortes (111). A Bahia continua na primeira posição no ranking com 27 mortes (10,5%), seguido de Pernambuco na terceira posição e do Maranhão na quinta. Infelizmente, a Bahia liderando este ranking evidencia uma falta de política direcionada ao combate a ignorância, aos crimes nesta seara. Não vemos informações educativas, nada, lamentavelmente. Parece que não há empatia ou interesse por esse segmento, por parte do governo baiano. Dessa forma, somos levados a concluir que essa fantasia de que a Bahia é uma terra da diversidade não se sustenta em pé, inclusive nas questões de intolerância religioso, é bom sinalizar. 

Esperamos, então, que o governo da Bahia abra os olhos para impedir que essa triste liderança persista, e se torne, verdadeiramente, a terra da diversidade na prática, não apenas no marketing. 
  


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