Adriano Sampaio

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O agro brasileiro desempenha um papel crucial no abastecimento global de alimentos devido à sua vasta extensão de terras aráveis, clima favorável e experiência agrícola. O Brasil é conhecido como um dos celeiros do mundo, produzindo uma ampla gama de produtos agrícolas que são exportados internacionalmente e contribuem significativamente para a economia do país.

Mesmo sendo um grande produtor de commodities como soja, milho, café, cana-de-açúcar, laranja, tabaco, carne bovina, aves, suína, entre outros, esses produtos não apenas alimentam a população brasileira, mas também contribuem para atender às demandas alimentares de muitos outros países ao redor do mundo. A capacidade de produção agrícola do país ajudou-o a tornar-se um interveniente-chave nos mercados alimentares globais.

O grande gargalo é que a população mundial irá aumentar 25% nos próximos 30 anos, totalizando aproximadamente 10 bilhões de pessoas. E esse crescimento dar-se-á principalmente nas áreas urbanas, a consequência disso será o aumento da renda média desse grupo, algo que já está acontecendo em várias partes do mundo, e a tendência desse fenômeno é o aumento de consumo em geral, e principalmente, o alimentar.

O detalhe é que população urbana mundial tende a consumir mais carne do que a população rural. Isso deve-se a vários fatores, incluindo maior disponibilidade de variedade de alimentos, mudança nos padrões de consumo, influência da mídia e do marketing, maior poder aquisitivo e mudanças nos estilos de vida. Nas áreas urbanas, as pessoas geralmente têm mais acesso a supermercados, restaurantes e fast-food, o que facilita o consumo de carne e produtos de origem animal. A Divisão de População do Departamento da Organização das Nações Unidas (ONU) de Assuntos Econômicos e Sociais espera que o crescimento populacional deva aumentar a produção de alimentos em aproximadamente 70% e dobrar a produção de carne até 2050, a fim de atender a demanda global.

E qual a consequência disso? Para produzir 70% a mais de alimentos, o mundo precisará de mais terra, mais área agriculturável. Já que o uso de tecnologia aplicada no solo alcança um aumento médio estimado de até 40% em sua produtividade, considerando o cultivo dos principais grãos consumidos, contudo o mundo necessitará de mais 60% de terras aráveis. Daí tem um problema: no mundo onde há terra, não existe água. 

E como está o Brasil nesse contexto? Bem na fita. Temos terras aráveis e muita água. O entrave está meramente na vontade política em subsidiar a expansão do agro em novas áreas. Para se ter uma ideia, segundo a NASA(National Aeronautics and Space Administration), confirmando dados da EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), o Brasil preserva a vegetação nativa em mais de 66% de seu território e cultiva apenas 7,6% das terras. A Dinamarca cultiva 76,8%, dez vezes mais que o Brasil; a Irlanda, 74,7%; os Países Baixos, 66,2%; o Reino Unido 63,9%; a Alemanha 56,9%. Isto é, cultivamos apenas aproximadamente 64 milhões de hectares do Brasil, enquanto na Índia (179,8 milhões de hectares), nos Estados Unidos (167,8 milhões de hectares), na China (165,2 milhões de hectares) e na Rússia (155,8 milhões de hectares). O Brasil ocupa o 5º. lugar, seguido pelo Canadá, Argentina, Indonésia, Austrália e México.De acordo com a legislação brasileira se excluirmos as áreas de preservação ambiental como as ESECS, REBIOS, MONAS, REVIS, APAS, ARIES, FLONAS e etc., sobrariam 400 milhões de hectares de áreas agriculturáveis, ou seja, superaríamos a China e os Estados Unidos juntos e ocuparíamos o primeiro posto do mundo.

Calma que chegaremos lá, basta apenas uma ajudinha do governo federal. Segundo a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), atualmente o Brasil banca 1 a 2% de subsídio em relação a receita bruta do produtor. Já na China e nos Estados Unidos esse percentual chega a 12%, no caso da União Europeia esse subsídio alcança o patamar de 20%. Essa contrapartida do governo de elevar o subsídio a patamares competitivos internacionalmente é de suma importância para a escalada do Brasil no topo financeiro do mundo através do agro. A consequência é o desenvolvimento das cidades brasileiras, IDH mais elevado, menos violência, aumento da renda, longevidade, educação, emprego e saúde para a população.

Embora o setor agrícola no Brasil tenha um imenso potencial para contribuir para a segurança alimentar global, é essencial que esse potencial seja realizado através de práticas sustentáveis ​​e responsáveis ​​que equilibrem o crescimento econômico com a conservação ambiental e a equidade social. Ao adotar práticas agrícolas sustentáveis, o Brasil pode realmente ser um farol de esperança para alimentar o mundo e, ao mesmo tempo, proteger o planeta para as gerações futuras.

De uma coisa eu tenho certeza, onde o agro passa só deixa o rastro de semente de progresso, riqueza e felicidade. E se você estiver insatisfeito onde você mora, vá pra São Desidério na Bahia, porque lá eu garanto que algodão doce não falta.

 

 


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