763 cidades brasileiras consomem água com substâncias químicas, afirma estudo
Na Bahia, testes revelaram que o estado está com o nível acima de 42, dentre 34.500 mil exames feitos

Foto: Reprodução
Uma pesquisa realizada pela Repórter Brasil revelou que substâncias químicas e radioativas foram encontradas em água de torneira de pelo menos 763 cidades brasileiras. Os maiores índices foram vistos em São Paulo (13 testes acima do limite), Florianópolis (26) e Guarulhos (11). O levantamento foi produzido entre 2018 e 2020.
Essas substâncias podem causar danos à saúde quando estão acima do limite brasileiro. O consumo diário aumenta o risco de câncer, mutações genéticas, problemas hormonais, nos rins, fígado e no sistema nervoso, conforme o produto.
Apresentando um impacto silencioso, esses produtos trabalham diferente das contaminações por bactérias, que provocam dor de barriga, diarreia e até surtos de cólera. Os sintomas das substâncias químicas e radioativas podem levar anos, porém, quando aparecem, são em forma de doenças graves.
Testes realizados na Bahia mostraram que a população ingere um perigoso coquetel de agrotóxicos encontrados na água. O estado apresenta um nível acima de 42, dentre 34.500 mil exames feitos.
As grandes responsáveis pelos problemas com a água no Brasil são substâncias geradas pelo próprio tratamento. Quando o cloro interage com elementos como algas, esgoto ou agrotóxicos, nascem os chamados "subprodutos da desinfecção".
"Evidente que é importante tratar a água para remover microrganismos, mas não é aceitável eliminar riscos biológicos e gerar riscos químicos", afirma o pesquisador da Fiocruz Minas e relator das Nações Unidas sobre água e saneamento, Leo Heller.
Heller também destaca que, além dos órgãos públicos que deveriam fazer o monitoramento, a indústria e agronegócio precisam controlar o despejo de substâncias tóxicas no ambiente. "Mas quem está no centro [empresas e órgãos de abastecimento] é quem deveria garantir a qualidade."