8 em cada 10 brasileiros acham injustos impostos maiores para varejistas nacionais

Segundo pesquisa, oportunidade de emprego e condições de trabalho no país são algumas das preocupações; setor de vestuário é o mais impactado

[8 em cada 10 brasileiros acham injustos impostos maiores para varejistas nacionais  ]

FOTO: Reprodução/ Macello Casal Jr/ Agência Brasil

De acordo com o levantamento do Instituto Locomotiva, a cobrança de impostos maiores para varejistas nacionais a despeito da isenção para importadoras é rechaçada por 8 entre 10 brasileiros. A pesquisa foi feita em pessoas na faixa dos 18 a 29 anos que compram em marketplaces internacionais.

A percepção geral da população brasileira sobre a disparidade tributária tem motivos no impacto à geração de emprego à valorização das condições de trabalho no país.

Dessa forma, a maioria das pessoas que participaram da enquete responderam sobre a importância de considerar o estabelecimento da igualdade tributária entre empresas nacionais e estrangeiras importante para o futuro do país, sendo que 41% quer o mesmo imposto para ambas.

Recentemente, o programa “Remessa Conforme” zera os impostos federais para as compras em e-commerces internacionais de até US$ 50 (cerca de R$ 250, na cotação atual), enquanto a alíquota para o ICMS de origem estadual é de 17%.

O diretor-executivo da Associação Brasileira do Varejo Têxtil (ABVTEX), analisa que o varejo brasileiro tem uma carga tributária de 80% sendo somando IPI, PIS/Cofins, ICMS e outros, enquanto as empresas internacionais arcam apenas com os 17% de ICMS.

Já os outros 55% defendem que o governo deveria cobrar, em média, 20% a mais de impostos das empresas asiáticas, diz o levantamento.

Segundo Lima, ainda tem uma pequena parcela de que 4% acredita que as companhias brasileiras deveriam ter peso tributário maior, pois pensam em “benefício próprio” ao pagar mais barato devido aos benefícios dados pela Remessa Conforme aos e-commerces internacionais.

Já 19% das pessoas dizem ser justo que ocorra uma disparidade que beneficia representantes domésticas.

Taxação na área de vestuário

Conforme a pesquisa, 9 em cada 10 respondentes reconheceram o papel da indústria de vestuário na geração de emprego e renda. O segmento foi apontado como um dos mais impactados pela disparidade tributária.  

Dados da ABVTEX mostram que o segmento têxtil é o segundo maior empregador do país, gerando 1,7 milhão de postos de trabalho, com faturamento de R$ 220 bilhões em 2022. Assim,  a percepção de 75% dos brasileiros é de que empresas brasileiras de vestuário pagam mais impostos do que empresas asiáticas.

O cenário de ausência de isonomia tributária prejudica a economia brasileira, a competitividade das empresas e a arrecadação de impostos para investimentos em saúde e educação, informou a pesquisa.

Conforme uma pesquisa da Stone aponta que as vendas do varejo caíram mais de 4% em fevereiro na comparação anual, puxado pelo setor de tecidos, vestuário e calçados.

Dessa forma, a maioria dos brasileiros concordam no potencial da indústria de vestuário no trabalho e no faturamento das famílias. 

Para resolver a situação, os entrevistados também depositam a responsabilidade no governo para promover emprego e renda.

Trabalho e sustentabilidade

Já a análise que os brasileiros fazem é de que as empresas asiáticas de vestuário respeitam menos condições dignas de trabalho, com 7 em cada 10 respondentes acreditando serem mais suscetíveis a explorar trabalhadores com jornadas longas. Sendo que 77% preferem lojas nacionais.

A preocupação com a sustentabilidade também está presente no ato do consumo. As empresas nacionais são vistas por 75% dos brasileiros como mais comprometidas com a proteção do meio ambiente, sendo que 9 em cada 10 valorizam comprar roupas, calçados e acessórios produzidos de forma sustentável.


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