ONU afirma que concentração de gases do efeito estufa bate recorde em 2018
Não foram levadas em consideração as quantidades de gases do efeito estufa emitidas na atmosfera, mas sim as que permanecem nela

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A agência da Organização Meteorológica Mundial (OMM), ligada à Organização das Nações Unidas (ONU) anunciou nesta segunda-feira (25) que a concentração dos principais gases do efeito estufa na atmosfera alcançou um recorde em 2018 de 407,8 partes por milhão (ppm). Ou seja, nível 147% maior que o pré-industrial de 1750.
Ela ainda afirmou que "não há indícios de desaceleração visíveis" nas emissões dos gases, que são os principais causadores das mudanças climáticas, e levou em consideração apenas a quantidade que permanece na atmosfera e não as emitidas nela, já que os oceanos absorvem quase 25% das emissões totais, assim como a biosfera - à qual pertencem pertencem as florestas.
O alerta foi divulgado alguns dias antes do início da reunião anual da ONU sobre a luta contra a mudança climática, a COP25, que ocorre de 2 a 13 de dezembro, em Madri. O secretário-geral OMM, Petteri Taalas afirmou através da publicação do boletim anual sobre concentrações de gases do efeito estufa que "não há indícios de que vá acontecer uma desaceleração, e muito menos uma redução, da concentração dos gases do efeito estufa na atmosfera, apesar de todos os compromissos assumidos no Acordo de Paris sobre a mudança climática", afirma.
Ainda no comunicado, Taalas afirmou que "cabe recordar que a última vez que a Terra registrou uma concentração de CO2 comparável foi entre 3 e 5 milhões de anos atrás. Na época, a temperatura era de 2 a 3 °C mais quente e o nível do mar era entre 10 e 20 metros superior ao atual".
Os cientistas, através das observações relataram que as concentrações de metano (CH4), que aparece em segundo lugar entre os gases do efeito estufa com maior persistência, e de óxido nitroso (N2O) também aumentaram mais que a média anual da última década. O metano, cujas emissões são provocadas em 60% pela atividade humana (gado, cultivo de arroz, exploração de combustíveis fósseis, aterros, etc), e o óxido nitroso, com 40% das emissões de origem humano (fertilizantes, processos industriais), também alcançaram níveis máximos de concentração. O óxido nitroso tem um forte impacto na destruição da camada de ozônio, que filtra os raios ultravioleta.
Até o momento, as emissões mundiais de gases do efeito estufa não param de crescer. Em 2015, em Paris, os países se comprometeram a adotar planos de redução dos gases, e Petteri Taalas aproveitou o momento para relembrar o compromisso acordado e pediu aos países que passem a "cumprir os compromissos em ação e aumentar o nível de ambição em nome do bem-estar futuro da humanidade".
Um dos países responsáveis pela maior emissão do gás poluente, os Estados Unidos, através do presidente Donald Trump, oficializou a saída do Acordo de Paris no início de novembro. Além do país americano, a China, Índia e União Europeia representam 56% das emissões globais.