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Agosto Dourado: aleitamento materno é essencial para desenvolvimento do bebê

Na Bahia, mães podem doar leite para outros bebês; veja como

Por Da Redação
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Agosto Dourado: aleitamento materno é essencial para desenvolvimento do bebê

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Instituído por lei, o mês de agosto é conhecido pela campanha em prol do aleitamento materno no Brasil. A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica o alimento como ouro líquido. E não à toa: a amamentação vai muito além da criação de laços entre mãe e filho, mas é o primeiro alimento do bebê, sendo essencial para o desenvolvimento da criança durante os primeiros seis meses de vida. 

O leite materno possui todos os nutrientes específicos para cada necessidade do filho, por isso o mês de campanha é conhecido como Agosto Dourado, já que a cor destaca o padrão ouro de qualidade do alimento. O Ministério da Saúde (MS) também lançou a Campanha da Semana Mundial de Aleitamento Materno, que começou no dia 1º e seguiu até o dia 7 deste  mês.  

De acordo com estudo feito pelo MS em 2022, o aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses já é feito com 45,8% dos bebês brasileiros, o que representa um crescimento anual de 6,8%. Apesar disso, o número ainda é muito distante da meta estabelecida pela OMS, de 70% até 2030

A coordenadora do banco de leite do Hospital Geral Roberto Santos (HGRS), Nilma Dourado, ressalta que o leite materno é um alimento completo, que garante um sistema imunológico forte ao bebê e o deixa mais protegido contra várias doenças. “O alimento também diminui os aspectos das infecções respiratórias em recém-nascidos, os processos de diarréias, que é o que mais adoece as crianças, e diminui também a chance de a mãe desenvolver um câncer de mama”, destacou a enfermeira. 

A campanha da OMS chama a atenção para que as mães alimentem os bebês com leite materno, de forma exclusiva, até que eles completem seis meses de vida. A criança pode continuar a ser amamentada até os dois anos de idade. Depois disso, o pequeno pode continuar a ingerir o alimento, mas deixa de ser a fonte principal.

O problema é que nem toda mãe consegue amamentar. Entre as causas do impedimento, Nilma citou que muitas mulheres dão à luz de forma prematura e ainda não possuem uma grande produção de leite, outras ficam doentes ou precisam ficar internadas após o parto, e até mesmo pessoas que têm algum exame de sorologia pendente. 

Para garantir que o bebê tenha acesso ao alimento, essas pacientes dependem do amor e peito aberto de outras mães. Com a doação de leite materno, as crianças podem se desenvolver com saúde. “Todas as mulheres que estejam amamentando seus bebês e que estejam saudáveis podem ser uma potencial doadora”, ressaltou a coordenadora. 

Atualmente, a Bahia possui oito bancos de leite e um posto de coleta. Segundo a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), somente dois bancos estavam com um estoque crítico em julho: o Hospital Estadual da Criança de Feira de Santana, no centro-norte da Bahia, e a Maternidade de Referência Professor José Maria de Magalhães Neto, em Salvador. Todas as unidades do estado fazem coleta domiciliar do alimento doado. 

No HGRS, 57 crianças são beneficiadas com o estoque do banco de leite. No mês de julho foram 77 litros distribuídos e mais de 100 litros arrecadados. Uma das doadoras foi a comunicóloga Emanuele Pereira, de 40 anos, que é mãe de primeira viagem de Maria Vitória, de 3 meses de idade. 

Emanuele relata que passou por alguns problemas durante a amamentação da filha e depois que conseguiu regularizar a situação, ela passou a doar o leite. “A descida do leite faz com que mães como eu, de primeira viagem, não consigam amamentar corretamente o bebê porque é um fluxo muito grande e eu não tive orientação sobre a forma correta de amamentar. Às vezes o leite pode empedrar, que foi o meu caso. O bebê, no processo inicial de vida, também não sabe pegar no peito para sugar e, nesse momento, aparecem fissuras no seio. São várias situações que acontecem e fazem com que a amamentação seja prejudicada no início”, relatou. 

Emanuele destaca que não precisa ter uma produção excedente para fazer a doação. “Eu tenho uma quantidade que meu bebê precisa, mas após cada mamada eu ordenho com a bomba, fazendo a extração do leite. Com o ato, meu corpo entende que além do leite que Maria Vitória recebe, ele tem que produzir um pouco mais, que é exatamente o alimento que o hospital recebe”, detalhou. 

Ela ainda ressaltou a importância da amamentação para a saúde do bebê. Segundo Emanuele, o aleitamento materno nos primeiros dias garantiu que a filha permanecesse saudável durante os três meses de vida, mesmo depois de ter se contaminado com um vírus passado de mãe para filha. Maria Vitória teve bronquiolite, deveria ter ficado 15 dias internada, mas saiu de lá depois de quatro dias. 

“Eu me sinto muito mais fortalecida emocionalmente a partir do momento que eu tenho a convicção de que eu estou nutrindo com o meu leite a minha filha. Fora o amor, esse elo que é construído entre mãe e filha. É muito gostoso ver o rostinho dela, me acariciando, quando estou amamentando. É um sentimento inexplicável, assim como o de doar o leite, porque sei que estou nutrindo outros bebês e aliviando o coração de outras mães que não puderam fazer o mesmo”, acrescentou.

Foto: Arquivo Pessoal

Uma das mães que recebe doação de leite no Hospital Roberto Santos é a estudante Sandra Rodrigues, de 22 anos, que deu à luz de forma prematura. Shafyra Rodrigues Almeida, que hoje tem quase quatro meses de idade, nasceu com apenas seis meses. Assim que veio ao mundo, a bebê tinha apenas 760 quilos. Atualmente, recebendo leite do banco do hospital, ela já pesa 2.44 quilos.  

Sandra relata que só conseguiu produzir leite durante o primeiro mês de vida da filha, mas como ela ainda era muito pequena para conseguir se alimentar, a estudante não conseguiu amamentar: “Depois de duas semanas internada, quando ela podia começar a mamar, eu já não tinha mais, por isso ela depende do banco de leite. Até hoje ela se alimenta com o leite doado e se desenvolveu bem nutrida por causa do alimento gerado por outras mães”. 

Safyra é a segunda filha de Sandra, mas o primeiro bebê morreu logo depois que nasceu, com apenas nove meses. Por isso, o sonho de amamentar ainda seguia muito grande. “Logo no início, quando vi que não poderia nutrir minha filha, foi muito difícil, eu queria muito e eu estava produzindo, mas ela não podia sugar. Eu comecei a me culpar, fiz de tudo para tentar continuar produzindo, mas não deu certo. Depois eu descobri o banco de leite e foi o que me tranquilizou e me deixou bem mais aliviada”, concluiu a estudante, que ainda aguarda a filha ter alta do hospital. 

Coleta

Em alguns bancos de leite, quem faz a coleta do alimento na casa das mulheres é uma equipe de enfermeiras e técnicos do hospital. Em outras, no entanto, o Corpo de Bombeiros fica responsável por essa função por meio do projeto Bombeiro Amigo do Peito. 

A subtenente Cláudia Souto, coordenadora da ação em Salvador, detalha que os bombeiros possuem parceria com a Maternidade Climério de Oliveira e o Instituto de Perinatologia da Bahia (Iperba), na capital baiana, mas que a ação também é realizada em Itabuna, Feira de Santana e Lauro de Freitas. 

Juntando as duas maternidades de Salvador, durante o mês de julho, foram 75 doadoras. “O nosso principal objetivo é realizar a coleta do leite em lares de mães doadoras, proporcionando segurança alimentar e nutricional para bebês prematuros que se encontram internados nas UTIs Neonatais e maternidades, além de alertar essa mãe sobre a importância do aleitamento materno exclusivo durante os primeiros seis meses de vida da criança, como recomenda o Ministério da Saúde”, explicou a profissional. 


Divulgação/Corpo de Bombeiros 

Cláudia também contou que o Corpo de Bombeiros deve fechar parceria com outros dois bancos de leite de Salvador, mas que ainda não tem previsão de implementação. “A doação é um gesto nobre de amor ao próximo. Tem mãe que joga leite fora, mas a quantidade doada salva vidas e a demanda é grande. E não pense que por doar você está tirando do seu filho, isso não é verdade, quanto mais a mãe doa, mais leite ela vai ter, porque a produção é por demanda”, finalizou a subtenente. 

Como doar?

As mulheres que desejam doar leite materno podem se candidatar no Banco de Leite Humano mais próximo. Toda mulher que amamenta é uma possível doadora de leite humano. Segundo a Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (rBLH-BR), um litro de leite materno doado pode alimentar até 10 recém-nascidos por dia. A depender do peso do prematuro, 1 ml já é o suficiente para nutri-lo cada vez que for alimentado. Logo, não há uma quantidade mínima para doação.

Quem não amamenta também pode ajudar os Bancos de Leite Humano com a doação de potes de vidros com tampa plástica, que podem ser doados na maternidade ou diretamente nos quartéis do Corpo de Bombeiros. 

Na Bahia, as mães podem entrar em contato com os seguintes bancos de leite:

  • Salvador – Hospital Geral Roberto Santos – (71) 3117-7532 ou (71) 98225-5493

  • Salvador – Maternidade Climério de Oliveira – (71) 3283-9264

  • Salvador – IPERBA – (71) 3103-9304

  • Salvador – Maternidade de Referência Professor José Maria de Magalhães Netto – (71) 3111-9350

  • Salvador – Posto de Coleta de Leite Humano (PCLH) na Maternidade Tsylla Balbino – (71) 3116-2086

  • Feira de Santana – Hospital Estadual da Criança (75) 3602-0630

  • Feira de Santana – Hospital Municipal Inácia Pinto dos Santos – (75) 3602-7156

  • Itabuna – Hospital Manoel Novaes – (73) 3214-4346

  • Vitória da Conquista – Hospital Municipal Esaú Matos – (77) 3420-6237

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