Alta da inflação é resultado da disparada de preços dos combustíveis, energia elétrica e carne

Economista afirma que o IPCA estaria abaixo de 5% se os preços não aumentassem

[Alta da inflação é resultado da disparada de preços dos combustíveis, energia elétrica e carne]

FOTO: Agência Brasil

De acordo com um levantamento realizado pelo Instituto Superior de Administração e Economia da Fundação Getúlio Vargas (ISAE/FGV), os combustíveis, a energia elétrica e a carne estão entre os itens que mais têm pesado no bolso do brasileiro e na inflação oficial do país, que chegou a 9,68% no acumulado em 12 meses até agosto. Se os preços desses itens tivessem permanecido estáveis, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) estaria abaixo de 5% e dentro da meta fixada pelo governo para o ano.

O estudo, que foi elaborado pelo economista e professor Robson Gonçalves, aponta ainda que gasolina, etanol, diesel, gás de botijão, energia elétrica e carnes vermelhas foram responsáveis por mais da metade da taxa acumulada em 12 meses até agosto, respondendo por 5,31 pontos percentuais do IPCA. Além disso, o economista mostra no estudo que, se os preços dos combustíveis, energia e da carne tivessem permanecido estáveis, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) estaria em 4,91% no período de 12 meses até agosto, em vez dos atuais 10,42%.

"A inflação está concentrada em itens que são do consumo cotidiano das famílias e essa inflação claramente penaliza mais a baixa renda", disse Gonçalves, destacando que inflação medida pelo INPC, que se refere às famílias com renda até 5 salários-mínimos, está acima dos dois dígitos e atingiu 10,42% no acumulado em 12 meses até agosto. "Essa inflação tem um aspecto que é difícil fugir dela. E a implicação disso é que outros itens acabam sendo sacrificados para que se consiga pagar a conta de energia, o botijão de gás, e assim por diante", acrescentou. 

Desde março deste ano, o IPCA acumulado em 12 meses tem ficado cada vez mais acima do teto da meta estabelecida pelo governo para a inflação para 2021, que é de 5,25%. De acordo com especialistas, a inflação persiste em meio a um cenário de piora da crise hídrica e de tensão política. Dados do último boletim Focus, divulgado pelo  Banco Central (BC), mostram que a projeção para a inflação em 2021 passou de 7,58% para 8%. Para 2022, a previsão foi elevada de 3,98% para 4,10%.

O cenário de preços nas alturas e de desemprego elevado tem reduzido a qualidade do prato feito dos mais pobres. Para as famílias com renda de um salário mínimo, o preço da cesta básica de alimentos passou a consumir 65,32% dos ganhos mensais, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).


 


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