Alta dos juros faz inadimplência atingir maior patamar da série histórica em maio
Pequenos e médios negócios somaram R$ 1,179 bi em empréstimos, aumento de 11,6% em 12 meses

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Em meio à escalada dos juros no Brasil, com a Taxa Selic em 15% ao ano, o maior patamar há quase duas décadas, a busca por crédito por micro, pequenas e médias empresas não para de crescer. Com isso, a inadimplência atingiu em maio o maior patamar da série do Banco Central (BC).
Em maio, segundo dados do BC, esses negócios somaram R$ 1,179 bilhão em empréstimos, aumento de 11,6% em 12 meses. É financiamento usado principalmente como capital de giro. Com dívidas a pagar a um custo cada vez mais alto a reboque da taxa de juros, essas empresas buscam recursos para manter a operação rodando.
Nesse cenário, a inadimplência está em alta, enquanto avança o número desses negócios em recuperação judicial — em abril, eles representaram perto de 90% dos pedidos de proteção apresentados ao Judiciário. A inflação ainda alta, que reduz o consumo, também dificulta as vendas.
Ao Farol da Bahia, especialistas avaliaram que um possível aumento do Imposto sobre Operações Financeiros (IOF), uma queda de braço entre o governo Lula e o Congresso, pode piorar a situação.
Para Haroldo da Silva, economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia de São Paulo (Corecon-SP), a medida é ruim sob vários aspectos e pesa, sobretudo, para as empresas e consumidores. “É um castigo duplo: você tem a taxa de juros básica em termos reais beirando os 10% ao ano e, para as pessoas físicas, esse valor chega em média a 33% e, para as empresas uns 25%, isso certamente penaliza duplamente. Além dos juros extremamente altos, o IOF”, diz.
Ainda segundo o economista, empresas devem enfrentar dificuldades com pagamento de juros e pedidos de recuperações judiciais devem crescer, já que apenas os grandes grupos financeiros têm acesso a outras linhas de crédito mais acessíveis.
Em relação ao consumidor final, Haroldo chama atenção para os impactos não apenas aos que precisam de recursos de terceiros, mas também porque os preços devem subir. “As empresas têm custo de capital, que é a soma de juros e tributos que são pagos nas suas operações financeiras, e essas empresas todas têm que repassar esses custos que elas têm na conta de capital, assim como todos os outros custos, para os preços dos produtos e dos serviços”, explica.