Alterações no sono e estresse fazem médicas terem taxas altas de infertilidade

Pesquisa alerta para as altas taxas de infertilidade

[Alterações no sono e estresse fazem médicas terem taxas altas de infertilidade]

FOTO: Getty Images

Uma pesquisa realizada com médicas e publicada no Journal of Women’s Health, em 2016, descobriu que quase uma em cada quatro profissionais da saúde que tentou ter um bebê foi diagnosticada com infertilidade,  quase o dobro da taxa do público em geral. De acordo com os pesquisadores, essa realidade é um reflexo da vida agitada de mulheres médicas que, em muitos casos, sofrem com alterações no sono, falta de exercícios e estresse.  

A hematologista Ariela Marshall é uma das vítimas. Ela conta que quando decidiu tentar ter filhos, aos 34 anos, ficou surpresa ao descobrir que não conseguiria, mesmo com remédios para fertilidade. Além disso, ela afirma que, devido à frustração, convidou outras médicas para compartilhar a história e soube que estava longe de estar sozinha. Segundo ela, muitas mulheres médicas também lutam contra a infertilidade ou dificuldades para engravidar.

“Para muitos médicos, como eu, tudo é muito planejado. Muitos de nós decidimos esperar até que terminemos nosso treinamento e sejamos independentes financeiramente para ter filhos, e isso não acontece até que tenhamos cerca de 30 anos”, disse  Ariela.

Para aumentar a conscientização sobre o problema, ela ajudou a criar uma força-tarefa de infertilidade com a American Medical Women’s Association. Em junho, a associação realizou seu primeiro encontro nacional sobre fertilidade, com sessões sobre congelamento de óvulos, benefícios e cobertura de seguro para tratamento de fertilidade, infertilidade e saúde mental. A associação planeja realizar outra cúpula no próximo ano.

A alta taxa de infertilidade também é válida para as cirurgiãs. Uma pesquisa com 692 cirurgiãs, publicada no JAMA Surgery, em julho, descobriu que 42% haviam sofrido um aborto espontâneo, mais do que o dobro da taxa da população em geral. E quase metade teve complicações na gravidez.

Frequentemente, os médicos levam dez anos de formação, entre faculdade de medicina, residências e bolsas. A idade média para as mulheres concluírem sua formação médica é 31, e a maioria das médicas dá à luz pela primeira vez aos 32, em média, de acordo com um estudo de 2021. A idade média para as não médicas darem à luz é 27 anos.

Por meio das redes sociais, Ariela se conectou com duas outras médicas que também lutavam contra a infertilidade e, no ano passado, escreveram sobre o assunto na revista Academic Medicine, pedindo mais conscientização sobre fertilidade entre as aspirantes a médicas, começando na graduação.

A médica Vineet Arora, reitora de educação médica da Pritzker School of Medicine da Universidade de Chicago e outra autora do artigo, está avaliando como ela e outros educadores podem aconselhar melhor os líderes em medicina para lidar com essas questões.

“O que mais me surpreendeu é que a infertilidade é uma luta silenciosa para muitas dessas mulheres, mas quando você vê os dados, percebe que não é incomum”, disse ela, que passou por muitas fertilizações in vitro nos seus 40 anos, e finalmente teve seu segundo filho em março passado.
Atualmente, ela e Arghavan estão analisando dados de um grande estudo que conduziram perguntando a médicos e estudantes de medicina sobre suas experiências em família e de acesso a tratamentos de infertilidade.


 


Comentários

Relacionadas

Veja Também

Fique Informado!!

Deixe seu email para receber as últimas notícia do dia!