Altos preços das acomodações podem excluir países pobres da COP30

A organizadora da COP30, a Secretaria do Clima da Organização da Nações Unidas (ONU), está preocupada que os altos preços das acomodações possam vir a excluir países pobres do fórum. Os valores das hospedagens em Belém (PA), onde ocorrerá o evento, podem chegar até US$ 600, o equivale a mais de R$ 3,3 mil.

Juan Carlos Monterrey Gómez, negociador panamenho, já havia demonstrado preocupação com o fato em junho desde ano. Ele chegou afirmar que a CP30 poderia ser a “mais inacessível da história recente” e que países em desenvolvimento e insulares, assim como vozes indígenas e da sociedade civil, poderiam não ser “adequadamente representados – se é que seriam representados”.

O presidente do Grupo Africano de Negociadores (AGN), Richard Muyungi, afirmou ao jornal “The Guardian”,  que o Brasil tem condições de fazer um evento melhor. “É por isso que estamos pressionando para que o Brasil forneça respostas melhores, em vez de nos dizer para limitar nossa delegação”, disse.

Além dos altos valores, Belém não tem leitos suficientes para acomodar as 45 mil pessoas que podem comparecer à COP30. Atualmente a capital tem apenas 18 mil leitos de hotéis e está tentando expandir a rede hoteleira.

O governo federal, como forma de contornar a situação, anunciou a contratação de navios de cruzeiro fornecendo mais de seis mil leitos extras. Também foi anunciado preços de diárias mais acessíveis com valores até US$ 220. Porém o número é superior aos US$ 149 oferecidos pela ONU como subsídio diário de subsistência para países pobres.

Na última terça-feira (29), uma reunião de urgência foi realizada pela Secretaria do Clima da ONU, a pedido de Muyungi, para debater preparativos operacionais e logísticos do evento. O Brasil se comprometeu em avaliar e propor soluções até 11 de agosto.

A COP30 é um fórum anual que tem como objetivo o debate sobre questões climáticas globais. O evento ocorrerá no Parque da Cidade de Belém, no Pará, entre os dias 11 e 21 de novembro com a participação de autoridades dos 198 países signatários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC, sigla em inglês). O investimento é estimado em R$ 4,7 bilhões pelo governo.