Anúncio de criação de liga por Clubes da Série A gera reações diferentes dentro do setor

O anúncio da criação de uma liga de clubes para organizar o Campeonato Brasileiro já a partir de 2022 gerou reações diferentes dentro do setor. Embora a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) não tenha publicamente demonstrado oposição ao projeto, nos bastidores a entidade age para enfraquecê-lo e manter o esquema de poder atual. Já os clubes em questão se movem para montar uma entidade que vai formatar o que será a liga.

Ao que tudo indica, dirigentes da CBF duvidam que os clubes serão capazes de superar suas históricas desavenças internas e organizar sozinhos o Campeonato Brasileiro. A entidade também entende que a bola está com os clubes e são eles quem devem se movimentar agora. Atualmente, os presidentes dos clubes da Série A se movimentam para colocar de pé a estrutura que vai organizar o campeonato. O plano é ter algo estruturado em até três ou quatro semanas e então voltar a conversar com a CBF. A ideia é que a liga tenha como CEO um executivo sem ligação direta com algum clube, mas que responda a um Conselho que seja formado por eles e que dê aos times igual poder decisão entre si.

Dirigentes de clubes disseram, em entrevista ao Globo Esporte, que  o movimento se deu agora por causa do momento de fragilidade institucional da CBF. O presidente da entidade, Rogério Caboclo, está afastado por causa de uma denúncia de assédio sexual e moral. Contudo, os presidentes usam um tom diplomático e conciliador quando se referem à relação com a entidade. O discurso deles é de que a CBF deve ser uma parceira, afinal é ela quem se relaciona com a Fifa e a Conmebol, e ninguém quer criar uma liga pirata. 

Além de articular a criação de uma liga, os clubes deixaram claro para a CBF em um documento entregue na última terça-feira (15), que querem mais poder de decisão dentro da entidade. Os clubes querem a equiparação no peso dos votos (hoje as federações estaduais têm o poder de vencer sozinhas as Assembleias Gerais) e mudanças na cláusula de barreira para registro de candidatos à presidência da CBF. Na confederação, tais pleitos foram entendidos como contraditórios. Nas palavras de dirigentes da CBF, a ideia de querer mais poder dentro da entidade não combina com a ideia de tomar da confederação a organização do Campeonato Brasileiro.

Ricardo Lima, presidente da Federação Bahiana de Futebol, disse sobre o tema: “Não participei da reunião e soube do assunto pela imprensa. Irei aguardar a CBF atualizar as federações, como não tenho informações suficientes não irei me manifestar. Mas garanto que toda e qualquer solução que exista para o engrandecimento do futebol será bem recebida”.