Apesar de desacelerar em agosto, IGP-M acumula inflação de 31,12% em 12 meses
Crise hídrica pressiona preço da energia e de produtos como milho e café

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Dados da Fundação Getulio Vargas, divulgados nesta segunda-feira (30), mostram que o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), também conhecido como 'inflação do aluguel', ficou em 0,66% em agosto, ante avanço de 0,78% em julho. Com o resultado, passou a acumular alta de 16,75% no ano e de 31,12% em 12 meses. Além de servir como parâmetro para o reajuste de contratos de locação residencial, o IGP-M também acompanha o custo de produtos primários, matérias-primas e dos insumos da construção civil.
Desde 2020, o índice tem subido bem acima da inflação oficial do país, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em agosto de 2020, o IGP-M acumulava alta de 13,02% em 12 meses. De acordo com o Coordenador dos Índices de Preços, André Braz, a crise híbrida é um problema que influenciou no resultado do IGP-M. “Se não fosse a crise hídrica, o IGP-M apresentaria desaceleração mais forte. Culturas afetadas pela estiagem, como milho (-4,58% para 10,97%) e café (0,04% para 20,98%) registraram forte avanço em seus preços. No âmbito do consumidor, o preço da energia, para a qual é esperado novo reajuste em setembro, registrou alta de 3,26%, sendo a principal influência para a inflação ao consumidor”, disse.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que a pressão de energia elétrica levou a inflação oficial do Brasil a disparar para o nível mais alto para um mês de agosto em quase duas décadas. No geral, a desaceleração do IGP-M refletiu principalmente a queda de 1,64% do grupo matérias-primas brutas, que havia avançado 0,09% no mês anterior. Os principais responsáveis por essa leitura foram os itens minério de ferro (2,70% para -15,32%), bovinos (1,73% para -0,34%) e leite in natura (5,74% para 2,32%).
Composição do IGP-M:
- O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que possui peso de 60% na composição do IGP-M, subiu 0,66% em agosto, ante 0,71% em julho. Na análise por estágios de processamento, a taxa do grupo Bens Finais subiu 2,22% em agosto e a taxa do grupo Bens Intermediários avançou 2,11%. Já o estágio das Matérias-Primas Brutas caiu 1,64% em agosto. Os itens que mais pesaram no mês foram soja em grão (7,78%), milho (10,97%), café (20,98%), adubos ou fertilizantes (10,62%) e carne de aves (8,38%).
-O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), com peso de 30% no IGP-M, variou 0,75% em agosto, ante 0,83% em julho. Entre as maiores altas no mês, destaque para tarifa de energia residencial (3,26%), gasolina (1,55%), tomate (14,60%) e gás de bujão (3,34%).
-O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), com peso de 10% no IGP-M, subiu 0,56% em agosto, ante 1,24% no mês anterior. Os três grupos componentes do indicador registraram as seguintes variações: materiais e equipamentos (1,52% para 1,17%), serviços (0,65% para 0,78%) e mão de obra (1,12% para zero).