Após bombardeio de Israel, Trump dá ultimato a Irã por acordo nuclear "antes que não sobre mais nada"
Presidente dos EUA pressiona Teerã a entrar em acordo para reduzir enriquecimento de ucrânio

Foto: Wikicommons / Gage Skidmore
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deu um ultimato ao Irã, nesta sexta-feira (13), “antes que não sobre nada”. A cobrança acontece em torno de um acordo sobre o programa nuclear de Teerã, um dia após Israel bombardear o Irã e matar lideranças militares e cientistas.
"O Irã precisa fazer um acordo, antes que não sobre nada, e salvar o que um dia foi conhecido como o Império Persa. Chega de mortes, chega de destruição, apenas façam isso antes que seja tarde demais", escreveu Trump na rede Truth Social.
O ataque promovido por Israel foi feito depois que as negociações nucleares entre Teerã e os Estados Unidos de Donald Trump estagnaram. O bombardeio mirou infraestruturas nucleares iranianas e foi classificado pelo Irã como uma “declaração de guerra”.
Trump disse ainda que deu ao Irã várias oportunidades para fazer um acordo e que há dois meses estipulou um ultimato de 60 dias para o acordo, e que esta sexta-feira "é o dia 61".
"Eu avisei que seria muito pior do que qualquer coisa que conhecessem, esperassem ou tivessem sido informados, que os Estados Unidos fabricam os melhores e mais letais equipamentos militares do mundo — de longe — e que Israel possui muitos deles, com muito mais a caminho — e eles sabem como usá-los", escreveu.
O chefe da Guarda Revolucionária do Irã, Hossein Salami, e o chefe das Forças Armadas do país, Mohammad Bagheri, foram mortos no ataque. "Alguns linhas-duras iranianos falaram com bravura, mas não sabiam o que estava prestes a acontecer. Agora estão todos mortos, e a situação só vai piorar", disse Trump.
Minutos após o início dos ataques, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, afirmou que as forças americanas não participaram da ofensiva. Ao mesmo tempo, em tom de ameaça ao regime iraniano, disse que a prioridade do país é proteger os "interesses e pessoal" de Washington na região.
De acordo com a imprensa americana, os Estados Unidos já haviam dito a Israel que não participariam diretamente de um ataque contra o programa nuclear do Irã. Mesmo assim, Israel aposta na proteção de Washington quando houver retaliação da república islâmica, e Trump convocou uma reunião de emergência de seu gabinete para acompanhar os desdobramentos da ação.
O ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, pediu em carta enviada à Organização das Nações Unidas (ONU) que "trate imediatamente dessa questão".
A televisão estatal do país disse que as defesas aéreas do Irã estavam em alerta máximo, e que áreas residenciais foram atingidas. Entre os alvos está a instalação nuclear de Natanz, um dos centros mais importantes de enriquecimento de urânio do país. Ainda não se sabe quanto dano foi causado ao local.
O contexto do ataque é a tentativa de Israel de adiar ou impedir o desenvolvimento de uma arma nuclear pelo Irã, cenário considerado inaceitável por Tel Aviv. Israel já conduziu outros ataques contra a infraestrutura nuclear iraniana no passado, e seu serviço de espionagem assassinou cientistas iranianos e realizou ataques cibernéticos contra centrífugas de urânio.
O Irã, por sua vez, financia grupos armados que se opõem a Israel no Líbano, como Hezbollah, e na Faixa de Gaza, como o Hamas — contra o qual Tel Aviv luta uma guerra na Faixa de Gaza há quase 20 meses que já matou mais de 50 mil palestinos.
O último ataque de Israel ao Irã havia ocorrido em outubro passado, quando Tel Aviv retaliou ofensiva executada por Teerã com cerca de 200 mísseis como parte de vingança pela morte de Hassan Nasrallah, então líder do Hezbollah.
Na ocasião, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu prometeu ao governo do então presidente dos EUA, Joe Biden, que não iria atacar alvos ultrassensíveis do Irã, como instalações nucleares ou infraestrutura petrolífera, mas sim bases militares. Teerã falou em danos limitados.
Um sexto encontro entre as delegações de EUA e Irã estava marcado para domingo (15), mas não se sabe se de fato acontecerá, dado o contexto.