Após reportagem de denúncia, Tronox nega relação com água contaminada na orla de Camaçari

A Tronox Pigmentos do Brasil negou envolvimento na contaminação da água no distrito de Areias, em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador. Em nota enviada ao Farol da Bahia, a empresa atribuiu o problema à falta de saneamento básico e ao vazamento de fossas na região. Além disso, classificou as acusações como “despropositadas, caluniosas e de má fé”.

As denúncias foram feitas ao Farol da Bahia no início deste mês. Moradores da região afirmaram que a indústria química Tronox seria a responsável por contaminar a água da região há dez anos.

Uma moradora, que preferiu não se identificar, relatou que, no dia em que a reportagem foi ao ar, a água chegou a sair branca de sua torneira.

Entenda a defesa da Tronox

Na nota, a Tronox afirmou que não há provas técnicas que comprovem que suas operações estejam contaminando a água de Areias e causando doenças na população. Para sustentar a defesa, apresentou relatórios da Secretaria Municipal de Saúde e um estudo da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

No primeiro relatório, consta que a contaminação existente é provocada pelo vazamento de fossas e pela ausência de saneamento.

"A presença de bactérias do grupo coliformes totais inclui bactérias não exclusivamente de origem fecal, podendo ocorrer naturalmente no solo, na água e em plantas. Por isso, sua presença deve servir de alerta para a existência de fontes de poluição, a exemplo de fossas e da ausência de esgotamento sanitário na localidade", diz o documento.

O outro estudo, por sua vez, analisou e comparou o número de óbitos e internações provocados por doenças digestivas, respiratórias, câncer e problemas no aparelho circulatório entre os distritos de Areias, Vila de Abrantes e Monte Gordo. 

“Foram encontradas diferenças significativas para número de óbitos por neoplasias e doenças respiratórias, sendo os maiores achados no distrito de Abrantes e os menores, quase inexistentes, no distrito de Areias”, diz o levantamento.

A Tronox destacou, por fim, que estuda providências a serem tomadas diante das acusações.

Órgãos apontam contaminação antiga na região

Há pelo menos dez anos, a água consumida pela comunidade de Areias apresenta concentrações de metais pesados acima dos limites permitidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).

Entre eles estão ferro, titânio, alumínio, bário, bromo, manganês, chumbo, cobalto, níquel, cromo e sulfato de cromo, utilizados pela Tronox na fabricação de pigmentos industriais.

Essas informações constam em um relatório da Secretaria de Saúde de Camaçari, elaborado em 2014 com base em estudo da Fundação José Silveira.

Laudos da Central de Apoio Técnico (Ceat) do Ministério Público, baseados em perícia realizada pelo Inema, também confirmaram a presença de metais pesados em concentrações acima do permitido nos reservatórios da fábrica.

Além disso, apontaram a ineficácia das barreiras hidráulicas instaladas para evitar a contaminação do lençol freático.