Após ser derrotado na Corte, Marco Aurélio afirmou que vai passar a seguir orientação da maioria

O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi derrotado no plenário da Corte por nove votos a um, contra a sua decisão de soltura do chefe do Primeiro Comando da Capital (PCC), o traficante André Oliveira Macedo, conhecido como André do Rap. Inicialmente, a decisão foi revogada pelo presidente da Corte, Luiz Fux, e foi julgada pelos outros ministros, que estipularam que o trecho do pacote anticrime, no qual a prisão preventiva precisa ser reanalisada a cada 90 dias, utilizado por Marco Aurélio, não leva automaticamente à liberdade porque é necessário que o juiz do caso reanalise a questão e decida sobre a prisão. 

Contudo, Marco Aurélio Mello disse, em entrevista ao GLOBO, que não mudou de ideia sobre a sua decisão e que vai passar a seguir a orientação da maioria.

"Diante da decisão do plenário, na [Primeira] Turma [que ainda vai julgar o habeas corpus de André do Rap], vou ressalvar. É o que eu faço em todos os casos. O plenário bateu o martelo, eu observo. A maioria é uma maioria acachapante. O colegiado é um órgão democrático por excelência. Eu tenho só que continuar refletindo sobre o tema", disse.

O ministro também destacou que o fato de Luiz Fux revogar a decisão de outro ministro ficará como "alerta". "Hoje ele cassou a minha decisão. Amanhã pode cassar a de um colega. E esse poder eu não concebo" disse ao continuar "Eu fui presidente [do STF] de 2001 a 2003. Jamais pensei em cassar decisão sozinho de um colega. Nunca pensei. Isso não passa pela minha cabeça e não passará até eu deixar a capa".