Aras diz que força-tarefa da Lava-Jato tem mais dados sobre investigados do que o MPF
Arquivos com dados de cerca de 38 mil pessoas tem mais de 350 TB

Foto: Reprodução/Internet
O procurador-geral da República Augusto Aras, afirmou em uma live do grupo de advogados Prerrogativas, na noite dessa terça-feira (28) que a força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba tem mais dados armazenados que todo o sistema do Ministério Público Federal e que esses dados contêm informações sobre cerca de 38 mil pessoas.
De acordo com Aras, o arquivo do grupo de procuradores de Curitiba tem 350 TB (terabytes), enquanto que o do sistema do MPF conta com 40 TB. "Não se pode imaginar que uma unidade institucional se faça com segredos, com caixas de segredos", ponderou.
Durante a entrevista ao vivo, o chefe da Procuradoria-Geral da República disse que há um "MPF do B" e argumentou que 50 mil documentos estão "invisíveis à corregedora-geral" do MPF. Aras não disse quem estaria ocultando os documentos. A entrevista durou mais de 2 horas e a transmissão terminou por volta das 21h.
Aras também fez críticas a força-tarefa da Lava Jato no estado de São Paulo. Segundo ele, a equipe paulista construiu "uma metodologia de distribuição [de processos] personalizada em que membros escolhem os processos que querem”. O procurador indicou ainda que a Lava Jato teve um papel relevante, mas que "deu lugar a uma hipertrofia". Aras sinalizou que gostaria de pensar em "corrigir rumos, não no que de desviante possa ter ocorrido", disse.
Choque de interesses
O acesso aos dados das forças-tarefa da Lava Jato gerou um conflito entre os procuradores federais e a cúpula da PGR. Em outra linha, a Procuradoria-Geral da República propôs a criação da Unac (Unidade Nacional Anticorrupção) no MPF, o que centralizaria em Brasília o controle de operações e passaria a administração das bases de dados das forças-tarefa para uma secretaria ligada à Procuradoria.
Reações
Após as colocações de Aras sobre a Lava Jato e a transparência no MPF, o procurador Roberto Pozzobon, integrante da força-tarefa em Curitiba afirmou em seu perfil no Twitter que ‘faltou transparência’ no processo de escolha do PGR pelo presidente Jair Bolsonaro. “O transparente processo de escolha a partir de lista tríplice, votada, precedida de apresentação de propostas e debates dos candidatos, que ficou de lado, fez e faz falta”, afirmou o procurador.