Áudio obtido pela PF mostra juiz preso na Bahia discutindo valores de pagamentos com advogados
Gravação foi encontrado em um pendrive durante investigação da Operação Faroeste

Foto: Reprodução
O juiz da Bahia Sérgio Humberto Sampaio, preso preventivamente sob suspeita da venda de decisões judiciais, foi flagrado em gravação obtida pelos investigadores da Operação Faroeste discutindo valores e pagamentos com um advogado.
A Polícia Federal encontrou o áudio, que foi gravado pelo advogado, Júlio César Cavalcanti, durante busca e apreensão na sua residência.
A Operação Faroeste investiga um esquema de grilagem de terras que ocorria por meio de decisões judiciais consideradas ilegais ou suspeitas. Segundo o inquérito, o juiz Sérgio Humberto foi enviado pela cúpula do TJ da Bahia para atuar no oeste baiano e "fazer cumprir, com velocidade incomum", cancelamentos e aberturas de matrículas de imóveis.
Desta forma, produtores rurais que ocupavam terras no oeste baiano eram obrigados a negociar acordos milionários com os operadores do esquema, que se tornavam donos dos terrenos graças às decisões proferidas irregularmente.
A gravação falava sobre a negociação de acordos em processos no oeste baiano. No áudio, eles discutem pagamentos de acordos em processos judiciais. Em um dos trechos, o juiz chega a sugerir o pagamento de 10 milhões "por fora" em um acordo judicial sob negociação.
Segundo as próprias conversas entre Sampaio e o advogado, um milhão de sacas valeria o equivalente a R$ 65 milhões, indicando altos valores sob negociação. Na avaliação da Procuradoria-Geral da República e da PF, o diálogo mostra o juiz acertando pagamentos de valores ilícitos com o advogado em compensação aos acordos judiciais firmados no oeste baiano.
Não está claro se as referências a valores se referem a "sacas", produtos agrícolas que segundo a investigação eram usados para pagar propina, ou especificamente a dinheiro.
Além deste pen drive já divulgado, onde as gravações do advogado Júlio César Cavalcanti foram encontradas em meio a busca e apreensão feita na residência e escritórios das desembargadora Maria da Graça Osório Pimentel, a PF contabiliza mais de 7 pen drives que estão sendo avaliados pela equipe do ministro, Og Fernandes.