Auxílio emergencial ajuda na retomada econômica nos estados do Norte e do Nordeste

Dados são com base na crise causada pela pandemia

[Auxílio emergencial ajuda na retomada econômica nos estados do Norte e do Nordeste ]

FOTO: Agência Brasil

De acordo com o economista Thiago Moraes Moreira, consultor em planejamento e professor da pós-graduação do Ibmec, a expansão do comércio varejista, de abril a agosto, foi de 51% no consolidado Norte e Nordeste, mas no Centro-Sul-Sudeste foi de 27%. Mesmo durante a pandemia da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, os dados mais recentes da economia brasileira mostram uma retomada heterogênea não só em termos setoriais, mas também regionais, com destaque para os efeitos do auxílio emergencial na recuperação do Norte e do Nordeste.

Segundo os economistas ouvidos pela Folha, são claros os sinais de que o auxílio inflou a economia dessas regiões na pandemia, principalmente o comércio, à medida em que ocorria a flexibilização das medidas de isolamento social. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 15 dos 16 estados do Norte e Nordeste o comércio explodiu e já ultrapassou com sobras o nível pré-pandemia.

À exceção da Bahia, os estados nordestinos com indústria pesquisada pela IBGE também registraram crescimento em meio à pandemia. O Amazonas já recuperou, com sobras, as perdas do período. O mesmo ocorreu com Pará, Ceará e Pernambuco. Nos demais estados do país, retomada semelhante só foi vista em Minas Gerais e Goiás.

Porém, o setor de serviços segue penando para retomar o nível pré-crise, assolado pela dificuldade dos serviços prestados às famílias. No momento, a  ausência de uma vacina para Covid-19 ainda limita o deslocamento das pessoas para bares, restaurantes, hotéis e viagens de turismo. No Brasil,  apenas o Amazonas recuperou o patamar visto antes da pandemia. 

De acordo com o professor de economia Luiz Roberto Coelho, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), o auxílio emergencial foi essencial nas regiões Norte e Nordeste para garantir o básico para as famílias que não tinham trabalho certo e ficaram sem opção de ganhos no pico do isolamento social. “Com o dinheiro na mão, as pessoas pagam as contas e recuperam o consumo, principalmente de alimentos”, diz.

De acordo com o IBGE, essa renda extra provida pelo auxílio de R$ 600 pode ter contribuído para o crescimento das vendas no comércio. Nesse caso, parte do benefício teria ajudado as famílias a bancar a compra de utensílios domésticos e a renovação da infraestrutura da casa com pequenas obras, por exemplo. A percepção é reforçada quando se cruzam dados de liberação do benefício e desempenho da economia local.


Mudança

De acordo com os especialistas, o quadro de forte recuperação tende a mudar com a redução do auxílio para R$ 300, valor que passou a valer no final de setembro. O primeiro sinal apareceu na taxa de desocupação. De acordo com a Pnad Covid divulgada na última sexta-feira (16), o número de brasileiros em busca de uma vaga aumentou em 700 mil entre a terceira e quarta semanas de setembro, totalizando 14 milhões de desempregados. O crescimento foi puxado, principalmente, pelo Norte e Nordeste.

Somadas as taxas, houve uma alta de 12,3% no contingente de desempregados nessas regiões, quase sete vezes o observado no Sul, Sudeste e Centro-Oeste. No conjunto, essas três regiões registraram uma alta de 1,8% no número de desempregados. Em 2021, com o fim dos repasses, essas regiões deverão sofrer com uma queda importante da massa de renda total.
 


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