Ministro diz que tarifa da China sobre carne bovina acima da cota não é motivo de grande preocupação
Taxa extra de 55% começa a valer em 1º de janeiro de 2026

Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, afirmou nesta quarta-feira (31) que a decisão da China de aplicar uma tarifa adicional de 55% sobre as importações de carne bovina que excederem as cotas anuais não representa um cenário preocupante para o Brasil. A medida entra em vigor a partir de quinta-feira (1º) e vale para países fornecedores como Brasil, Austrália e Estados Unidos.
Em entrevista à TV Globo, Fávaro disse que o país está mais preparado para enfrentar restrições comerciais por ter ampliado o número de mercados compradores da carne bovina brasileira nos últimos anos.
“Neste governo do presidente Lula, abrimos 20 mercados para carne bovina por todo o mundo, além de ampliações em mercados que já estavam abertos. Portanto, o Brasil está relativamente preparado para intempéries comerciais”, afirmou o ministro.
Segundo o governo chinês, a tarifa adicional será aplicada apenas sobre os volumes que ultrapassarem a cota anual estabelecida para cada país. No caso do Brasil, a cota é de 1,106 milhão de toneladas por ano, a maior entre os principais fornecedores.
De acordo com Fávaro, atualmente o Brasil exporta para a China um volume próximo ao limite dessa cota. Ainda assim, o ministro afirmou que o governo brasileiro vai negociar os termos da medida com as autoridades chinesas nos próximos dias.
“Vamos buscar ajustes, inclusive a possibilidade de transferência de cotas de outros países. Por exemplo, os Estados Unidos não exportaram carne bovina para a China no ano passado. Essas negociações acontecem ao longo do ano, não precisam ser imediatas”, explicou.
O ministro também ressaltou que a decisão chinesa não tem como alvo específico o Brasil e faz parte de uma política de proteção à produção local.
“Não há discriminação com nenhum país, mas uma salvaguarda para proteger a produção interna da China”, declarou.
Entidades do setor reagiram com cautela à medida. Em nota, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) afirmaram que a nova tarifa “altera as condições de acesso ao mercado chinês e impõe uma reorganização dos fluxos de produção e exportação”.
O secretário de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Luís Rua, também minimizou os impactos da decisão. Em entrevista à GloboNews, ele disse que a medida já era esperada pelo governo brasileiro.
“Não é uma notícia catastrófica. Não é algo contra o Brasil, mas uma ação global para favorecer o produtor local chinês. O ministério já acompanhava esse processo”, afirmou.
Segundo Rua, a China analisou dados de importação entre 2021 e 2024 para definir as cotas. Nesse período, o Brasil respondeu por cerca de 44% das importações chinesas de carne bovina. A medida anunciada pelo Ministério do Comércio da China terá duração de três anos. A cota total de importação para 2026 será de 2,7 milhões de toneladas, número próximo ao recorde registrado em 2024, e deverá aumentar gradualmente nos anos seguintes.


