Banco Mundial alerta para queda no investimento estrangeiro em países em desenvolvimento
Relatório alerta para impacto negativo na geração de empregos, infraestrutura e combate à pobreza

Foto: Reuters/ Johannes P. Christo
O fluxo de investimento estrangeiro direto (IED) para as economias em desenvolvimento caiu para US$ 435 bilhões em 2023, o menor patamar registrado desde 2005. O dado foi divulgado nesta segunda-feira (16) pelo Banco Mundial, que atribui a queda a barreiras comerciais, incertezas macroeconômicas e riscos geopolíticos crescentes.
Segundo o relatório, o volume de recursos destinados às economias avançadas também recuou, alcançando US$ 336 bilhões, o nível mais baixo desde 1996. A retração generalizada preocupa especialistas da instituição, que apontam impactos diretos na criação de empregos, no crescimento econômico e nas metas de desenvolvimento global.
"A queda acentuada do IED para as economias em desenvolvimento deve soar como um alarme", destacou Ayhan Kose, economista-chefe adjunto do Banco Mundial. Ele reforçou que a reversão desse cenário é fundamental para a geração de empregos e o avanço das políticas de combate à pobreza.
O estudo também aponta que o enfraquecimento dos fluxos de investimento já vinha ocorrendo antes mesmo de períodos recessivos, ampliando lacunas em infraestrutura e dificultando o enfrentamento das mudanças climáticas.
Entre as recomendações do Banco Mundial estão a adoção de reformas internas para melhorar o ambiente de negócios, a ampliação da integração comercial e o incentivo à formalização econômica. O documento sugere ainda um esforço coordenado entre os países para direcionar os investimentos internacionais para regiões com maior demanda por infraestrutura e desenvolvimento social.
De acordo com a análise, um aumento de 10% nos fluxos de IED poderia representar um acréscimo de 0,3% no Produto Interno Bruto (PIB) de uma economia em desenvolvimento após três anos. Em locais com instituições mais sólidas e maior abertura ao comércio, esse impacto poderia chegar a 0,8%.
O relatório ressalta ainda que, entre 2012 e 2024, China, Índia e Brasil concentraram quase metade do total de IED destinado aos países em desenvolvimento. Além disso, aproximadamente 90% desses investimentos tiveram origem em economias avançadas, com destaque para a União Europeia e os Estados Unidos.