Bancos devem ter queda no lucro após 20 anos

Um levantamento realizado pelo Valor indica que a temporada de balanço dos bancos começa em fevereiro e deve mostrar a maior queda anual no lucro médio após 20 anos. Os números ficaram lá embaixo para lidar com possíveis perdas com empréstimos causadas pela pandemia do novo coronavírus. A expectativa agora é a recuperação a partir da retomada da economia e espera alta da Selic.  

Quatro maiores bancos brasileiros de capital aberto (Itaú, Bradesco, Santander e Banco do Brasil) devem registrar um lucro combinado de R$ 17,699 bilhões no quatro trimestre e de R$ 63,584 bilhões em 2020. Caso a projeção seja concreta, significa uma queda de 26,6% em relação a 2019. 

Essa queda é maior desde 2000 e a quinta maior desde a criação do Plano Real, em 1994, de acordo com o levantamento da consultoria Economatica feito a pedido do Valor. 

O levantamento da Economatica também mostra que a mediana da rentabilidade (ROE) desses quatro bancos deve ficar em torno de 13,5% em 2020, patamar menor desde 1995, e vindo de 19,15% em 2019.

No acumulado de 2020 até o terceiro trimestre, as provisões foram maiores no Itaú (R$ 24,175 bilhões), seguidas por Bradesco (R$ 21,186 bilhões), Banco do Brasil (R$ 16,953 bilhões) e Santander (R$ 12,873 bilhões). Como percentual da carteira total, quem mais provisionou foram Bradesco (5,9%), Itaú (4,9%), Santander (4,4%) e BB (3,4%).

De acordo com o analistas do Bank of America, por meio de relatório, os quatro grandes bancos brasileiros devem ter uma alta de 25% no lucro combinado de 2021, graças a uma queda de 20% nas provisões. “Os resultados dos bancos no terceiro trimestre foram impulsionados pela queda das provisões na margem, o que deve continuar nos próximos trimestres, segundo as administrações das instituições. Além da recuperação mais rápida do que o esperado nas condições econômicas, o otimismo decorre do fato de que os bancos construíram significativas reservas nos últimos nove meses.”