BC: Copom eleva Selic em 1 ponto percentual e taxa vai para 11,75% ao ano

O patamar é o maior atingido em cinco anos no Brasil

Por Da Redação
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BC: Copom eleva Selic em 1 ponto percentual e taxa vai para 11,75% ao ano

Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central definiu nesta quarta-feira (16) o nono aumento consecutivo do patamar dos juros básicos da economia brasileira. Após a decisão, a taxa Selic subiu 1 ponto percentual, indo de 10,75% para 11,75% ao ano. 

O patamar dos juros básicos chega ao maior nível desde fevereiro de 2017. De acordo com uma nota publicada pelo BC, o conflito entre a Rússia e a Ucrânia é a principal causa do aumento.

"No cenário externo, o ambiente se deteriorou substancialmente. O conflito entre Rússia e Ucrânia levou a um aperto significativo das condições financeiras e aumento da incerteza em torno do cenário econômico mundial. Em particular, o choque de oferta decorrente do conflito tem o potencial de exacerbar as pressões inflacionárias que já vinham se acumulando tanto em economias emergentes quanto avançadas", afirmou o Banco Central após a reunião do Copom.

O mercado financeiro já aguardava o aumento, em decorrência da inflação do país que segue alta e, aparentemente, não está sofrendo o impacto dos juros altos, que deveriam tirar recursos do mercado e baixar os preços.

Diversos outros países também foram afetados pelo conflito, já que a guerra impacta a oferta de commodities, como petróleo, trigo, fertilizantes e minerais. 

"A alta da Selic é um remédio para controlar o aumento dos preços, mas não é o melhor remédio para a nossa inflação. A taxa é para controlar a demanda e o nosso problema é falta de oferta. Mas é o remédio que nós temos e tem que ser aplicado mesmo assim", avalia Murillo Torelli, professor de contabilidade financeira do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas, da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Torelli avalia que é uma decisão difícil por causa da instabilidade muito grande, com a alta dos que impactam a cadeia distributiva. "A dose desse remédio não pode ser muito forte porque mata o paciente. Começa a estagnar a economia, o crédito fica mais caro e perde o incentivo para investir no setor produtivo", explica Torelli. 

A trajetória de alta da taxa básica começou em março do ano passado, quando a Selic estava em 2% ao ano, o menor patamar da história, após uma série de reduções iniciada em 2016. Para o fim de 2022, a projeção do mercado é que a taxa alcance 12,25% ao ano. Mas já há analistas que apostam em 13,25%.

Essa é a segunda reunião do Copom em 2022. Na primeira, no início de fevereiro, a taxa subiu 1,5 ponto percentual. 

Em nota, o Banco Central afirma que o Copom já prevê outro ajuste da mesma magnitude para a próxima reunião. "O Copom enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para suas metas, e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária", afirma o texto.

O novo aumento da taxa ficará vigente por ao menos 45 dias, quando os diretores do BC voltam a se encontrar para discutir novamente a conjuntura econômica nacional. A ata detalhada com as razões que motivaram a decisão será publicada na próxima terça-feira (22)

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