Bolsonaro diz que acusações de "orçamento secreto" é invenção da imprensa
Denuncia aponta que governo comprou apoio no Congresso por meio de dinheiro de emendas

Foto: Reprodução/InfoMoney
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se manifestou pela primeira vez, nesta terça-feira (11), sobre as denúncias reveladas pelo Estado de São Paulo (Estadão) de um esquema montado pelo governo para conquistar apoio do Congresso por meio de um orçamento secreto de R$ 3 bilhões.
"Inventaram que eu tenho um orçamento secreto agora. Tenho um reservatório de leite condensado, 3 milhões de latas. Eles não têm o que falar. Como um orçamento foi aprovado, discutido por meses e agora apareceu R$ 3 bilhões? Só os canalhas do Estado de S. Paulo para escrever isso aí", afirmou Bolsonaro a apoiadores no Palácio da Alvorada.
Embora o Orçamento seja votado anualmente pelo Congresso, a operação montada pelo presidente para aumentar sua base de apoio no Legislativo distribuindo esses recursos foi sigilosa. De acordo com a denúncia, a distribuição dos valores foi negociada em gabinetes do Planalto, por meio de ofícios para indicar a aplicação do dinheiro e, em alguns casos, sem qualquer registro por escrito.
Os deputados ditaram para os ministros para onde enviar os recursos, o que comprar e até mesmo o preço que deveria ser pago. Na votação do Orçamento, Câmara e Senado indicam o volume de recursos que é destinado aos ministérios por meio de emendas.
No caso do orçamento secreto, o dinheiro foi previsto em uma nova forma, chamada de RP9, criada em 2020. Nesta modalidade, os nomes dos parlamentares não aparecem, até porque esse direcionamento fere leis orçamentárias e até mesmo um veto de Bolsonaro.
Na ocasião, o presidente alegou que permitir a alocação dessa verba por ordem de congressistas contraria o "interesse público". Na conversa com os apoiadores na manhã desta terça, Bolsonaro se esquivou de assumir a responsabilidade pelo orçamento secreto e disse que se a verba federal foi aplicada de forma irregular a culpa é dos gestores locais.
"Eles batem na tecla de corrupção o tempo todo. Zero corrupção no meu governo, zero. Outra coisa, se alguém na ponta da linha, mandamos dinheiro para Estados, se alguém comprou algo superfaturado, não tenho essa responsabilidade", disse o presidente.