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Bolsonaro e Eduardo atuaram para atrapalhar investigação sobre tentativa de golpe de Estado, diz PF

Documentos mostram que os dois teriam atuado em conjunto com a defesa de Filipe Martins em ação no STF

Por Da Redação
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Bolsonaro e Eduardo atuaram para atrapalhar investigação sobre tentativa de golpe de Estado, diz PF

Foto: Gustavo Moreno / STF

O relatório da Polícia Federal que levou ao indiciamento do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por suspeita de obstrução do julgamento da tentativa de golpe de Estado em 2022 aponta que pai e filho atuaram "em ação coordenada" com a defesa do ex-assessor especial de assuntos internacionais Filipe Martins para “causar tumulto processual” no caso que pode resultar na condenação do ex-presidente por liderar uma organização criminosa visando se manter no poder. A informação é do blog Malu Gaspar, do jornal O Globo.

A PF analisou mensagens trocadas entre Eduardo e Jair Bolsonaro pelo WhatsApp, relacionadas a uma ação protocolada no Supremo Tribunal Federal (STF) pelo advogado Jeffrey Chiquini, defensor de Martins. A conversa aconteceu em 12 de julho, dois dias após o registro da ação de Martins no STF.

No mandado de segurança, a defesa contestava o andamento “a toque de caixa” das investigações, criticava decisões do ministro Alexandre de Moraes e apontava “grave violação ao devido processo legal e à ampla defesa”.

O sorteio eletrônico do STF destinou o caso ao ministro André Mendonça, animando bolsonaristas que viram a oportunidade de travar a ação da trama golpista. Eduardo Bolsonaro chegou a enviar seis mensagens ao pai, incluindo postagens públicas de Chiquini, comentando estratégias para que Mendonça conhecesse o mandado de segurança e influenciasse o andamento da ação.

“Bom dia. Temos a oportunidade de mudar a relatoria da trama golpista. Mendonça pode ficar prevento das questões que irão para o plenário. Vitória gigante hoje. Precisamos que o Mendonça dê essa liminar”, escreveu Eduardo a Bolsonaro, encaminhando ao pai um total de seis mensagens cuja autoria a PF não conseguiu rastrear.

Uma delas é uma postagem de Chiquini no X: “O mandado de segurança foi distribuído ao Ministro André Mendonça. Não aceitaremos que direitos e garantias fundamentais sejam violados.”

Após encaminhar as mensagens, Eduardo faz os seguintes comentários na conversa com o pai no WhatsApp: “Se Mendonça conhecer [admitir] este MS [mandado de segurança], o Moraes fica relator dos processo (sic) 8JAN [8 de Janeiro] na 1ª Turma, já no plenário seria o Mendonça. Basta conhecer, pouco importa ele deferir ou indeferir", escreveu Eduardo Bolsonaro ao pai.

“O advogado Jeffrey Chiquini pede uma liminar para cancelar audiência que será nesta segunda-feira e para suspender processo da trama golpista até que se julgue o agravo regimental que suscita nulidade”, acrescentou o filho zero três do ex-presidente.

Em seguida, Bolsonaro encaminha um áudio ao filho – cujo teor não foi recuperado pelos investigadores – e lhe pede: “Me ligue”.

A PF concluiu que não há indícios de que Mendonça tivesse ciência das intenções dos investigados, mas que os diálogos demonstram atuação combinada de pai e filho com a defesa de Martins, em tentativa de atrapalhar o processo que pode levar à condenação de Jair Bolsonaro a 43 anos de prisão por crimes como organização criminosa armada, tentativa de golpe e dano qualificado.

Segundo o blog, Mendonça indicou a interlocutores que considera incabível o mandado de segurança, e o entorno de Bolsonaro recebeu recados de que a ação de Martins não teria chances de êxito. A ofensiva da defesa é vista com ceticismo até por outros réus.

O advogado Jeffrey Chiquini afirmou que o relatório da PF “tenta transformar o exercício regular da advocacia em ato ilícito” e que sua atuação sempre foi “transparente e dentro da lei”. A defesa de Bolsonaro não se manifestou.

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